sábado, 3 de dezembro de 2011

Haines Juction a Beaver Creek - Canada

Saí animadíssimo de Haines Juction com a expectativa de alcançar a fronteira do Alasca até o final da tarde. Parei numa espécie de mercadinho e aproveitei para improvisar um café da manhã. Meu hotel não tinha absolutamente nada a não ser um preço bem salgadinho. Foi o café mais tecnológico de minha vida, todo ele extraído de máquinas. O expresso, o sanduiche, o suco de laranja e os donuts, tudo produto da tecnologia pura americana. Terminado com o café, reabastecí a moto e toquei com vontade em direção ao Alasca. Viajava atravessando o parque nacional de Kluane uma das reservas de ursos da região. No íntimo, sabia que estava cercado desses animais selvagens e que não poderia quebrar por alí. A Alasca Highway é uma estrada de duas maõs, absolutamente desabitada e corta literalmente, uma mata fechada com árvores que lembram muitas vezes, os tradicionais pinheiros do Parana. Procurando pensar em coisas positivas, continuei tocando numa toada forte e no meio do dia, alcancei Destruction Bay, um camping cercado de hoteis, restaurante, bar, bomba de gazolina e uma loja com artigos de caça e pesca. Tinha muita gente circulando pelo local e fui muito bem recebido na minha condição de motociclista estradeiro veterano e solitário. Conversei um pouco com aquela gente receptiva e após o reabastecimento necessário, voltei para a 1 e toquei novamente em direção a fronteira americana. Pelo meio da tarde, divisei um ponto escuro na estrada e ao aproximar-me confirmei a presença de um filhote de urso que havia parado para pastar entre a estrada e a mata. Naquele momento, tomado por uma curiosidade inexplicável, parei a moto uns vinte metros de onde ele estava, deixei o motor funcionando e com a máquina presa no pulso, saquei uma foto do meu amigo urso. Para minha surpresa, no momento em que o flash estourou, surgiu da mata uma imensa ursa que deduzí ser a mãe do meu amigo e veio em minha direção com ares nada amistosos. Neste momento, com a máquina balançando no pulso, acelerei a moto e me mandei dalí o mais rápido que pude. Uma hora depois, meu coração ainda batia acelerado e as maõs tremiam um pouco. Foi uma experiência sensacional mas que não espero repetí-la. Continuei tocando sem incidentes durante mais algumas horas até chegar num pequeno hotel com bomba de gazolina onde aproveitei para encher o tanque, até por uma questão de segurança. Voltei para a estrada e no final da tarde, sob uma chuva fina mas persistente, cheguei em Beaver Creek, cidade localizada na fronteira com o Alasca. Como já era quase noite, resolví ficar por alí mesmo e atravessar a aduana no dia seguinte. Fiquei num hotel simples mas muito confortável , com ótimo aquecimento e com um preço bem razoável. À noite fiz uma refeição muito gostosa a base de Salmon, peixe muito comum na região e depois retornei para o quarto e para o lap top, pois estava louco para contar para a familia e amigos a respeito da minha corrida da ursa. Registrada minha aventura, desliguei a internete e fui curtir o incrível conforto daquele quarto aquecido.

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