quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Prince George a Dawson Creek - Canada

Acordei super bem disposto apesar da chuva fina, vento forte e temperatura baixa. Estava com a moto preparada para qualquer tipo de terreno com seus pneus novos e toda ajustada. A revisão tinha deixado a moto nova e muito bem regulada. Tomei meu café com bastante calma e depois de muito bem alimentado, reabastecí minha companheira de viagem e retornei para a 97 em direção a Dawson Creek passando por Summit Lake e Mcleod Lake, cidades voltadas para turismo e uma espécie de colônia de férias para aqueles que apreciam pesca, caça, enduros, etc... A maioria acampa nas margens dos rios e dalí partem para exercitar seus esportes favoritos. Outros se hospedam em Campings muito bem organizados, oferecendo restaurante, combustível, bar e lojas com artezanato e venda de souvenir. Paro sempre nesses campings para reabastecer e evitar surpresas desagradáveis, como por exemplo, chegar numa determinada bomba e não ter combustível. No norte do Canada vc viaja sempre com a mata margeando a estrada e as vezes leva horas para cruzar algum povoado, camping ou motel. No meio da manhã parei para reabastecer num posto de gazolina grande, com um bom motel e restaurante anexados e com direito a loja de souvenir, com urso exposto no jardim para assustar os visitantes e mostrar-lhes o que irão enfrentar dalí em diante. Reabastecí a moto e toquei para a frente enfrentando com muita disposição aquela chuva renitente e chata que nos perseguia desde cedo. Nesta região, aliás, chuva, frio e vento, andam sempre de mãos dadas e te acompanham em 90 por cento do tempo viajado. Já havia me acostumado com aquele mau tempo irritante e não mais me estressava, aceitando-o de bom grado, até porque estava muito bem preparado para enfrentá-lo. Outro problema muito sério nessa época do ano é a quantidade de desvios motivados por reparos na rodovia. São trechos perigosos pelo excesso de rípio usado para o recapiamento que fazem com que a moto perca um pouco do equilibrio. Esses estragos são causados pela quantidade de neve que cai e se acumula durante o inverno. Fora isso, as estradas são bem asfaltadas, sinalizadas e bem policiadas. No meio da tarde, ensopado e embarrado, me aproximei de Dawson Creek, cidade muito simpática e localizada na junção com a 2. Procurei um motel e achei um super 8 muito bem localizado no centro da cidade. Como estava chovendo, me permitiram estacionar a moto num canto da cobertura de acesso à recepção, o que protegería minha bagagem da chuva durante a noite. Saquei apenas um dos bauletos e fui para o quarto tomar um banho quente e me aliviar do frio desagradável que estava sentindo. Depois fui comer num restaurante de massas localizado ao lado do hotel, curtindo uma garrafa de vinho da California. Quando voltei para o quarto, dispensei a internete e apenas liguei para minha casa para conversar com Deborah e saber das novidades. Deixaria para responder meu correio eletrônico na manhã seguinte. Ainda sob o efeito do vinho fui para a cama e apaguei, literalmente.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Prince George 2

Despertei por volta das nove horas e após colocar uma bermuda bem confortável e tomar um super café, apanhei a moto e fui para a oficina providenciar a revisão completa e a troca de pneus. Essas concessionárias representam sempre 5 ou 6 marcas de moto e no final, não entendem muito bem de nenhuma. Tive que acompanhar de perto a troca de óleo , principalmente na hora de escorrer o óleo usado, porque minha moto tem dois bujões, um em cima e outro em baixo, e pouca gente conhece o sistema por aqui. Aliás, motos fabricadas no Brasil não têm a menor assistência na america do norte, nem mecânica e nem de peças de reposição. Quando vierem para cá, façam o que fiz, tragam um razoável estoque de filtros de óleo e de ar, relação, rolamentos, etc... A única coisa fácil de encontrar por aqui é pneu. Como os fabricantes são todos empresas multinacionais, vc encontra qualquer tipo ou modelo e a preços bem mais baratos que os nossos no Brasil. Isto, porque aqui vc não paga o imposto cavalar que estamos acostumados a recolher em nosso país. Passei praticamente o dia todo na oficina e aproveitei para entrar em contato com vários motociclistas canadenses, todos eles sempre viajando em grupos e todos de Harley. Normalmente, eles viajam muito pelo Estados Unidos e interior do Canada. O lugar mais procurado por eles é o Alasca, talvez por sua natureza selvagem. Impressionante, é como eles levavam a sério o fato de eu ter atravessado sozinho toda a america central. Cheguei a conclusão que o motociclista norte americano evita colocar em seu roteiro de viagem essa região das américas. Apesar de concordar com esse clima de violência, achei esse temor meio exagerado. O que acho tambem é que eles não possuem moto ideal para rodar naquelas estradas esburacadas e cheias de curvas muito acentuadas. Aproveitei a oportunidade para apanhar uma série de dicas a respeito da Alasca Highway, inclusive no tocante a carência de postos de gazolina e o excesso de mosquitos que te obrigam a lavar constantemente o visor do capacete. No final da tarde, encerrado o papo com os meus novos amigos  e paga a salgada conta de oficina, principalmente a mão de obra, coloquei teias especiais em volta dos bauletos laterais e voltei para o hotel, onde tomei uma merecida ducha, troquei de roupa e saí para comer alguma coisa. Como gosto muito de comida asiática, voltei a comer no mesmo restaurante do dia anterior. O buffet além de muito variado, oferecia uma comida deliciosa, além de uma sobremesa de banana caramelada muito saborosa. Após o jantar, tomei um chá quente e saí caminhando no entorno do hotel para fazer a digestão e esticar um pouco as pernas. Precisava comunicar aos meus familiares que voltaria para a estrada no dia seguinte e continuaria minha jornada solitária em direção agora a Dawson Creek, localizada numa junção com a 2. Enquanto me comunicava através da internete, a chuva aumentou de intensidade e a temperatura começou a cair um pouco . Resolví então descansar, já que no dia seguinte teria algumas dificuldades com a chuva, vento e frio na estrada . Meia hora depois já havia entregue os pontos e dormia profundamente.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Vancouver 100 mile house a Prince George

Acordei hiper descansado e consciente do dia duro que teria pela frente, pois pretendia tocar direto até Prince George onde faria uma revisão completa na moto, incluindo-se troca de pneus. Estava me aproximando da Alasca Highway e não pretendia arriscar nada e muito menos ter um pneu furado em plena reserva de ursos marrons e pretos, de búfalos selvagens e Alces imensos e agressivos. Além da troca de óleo e filtros, faria o mesmo com a vela. Sabia que essa revisão me custaria uma nota preta, mas não ia facilitar em nada. Voltei para a 97 e toquei minha jornada sempre solitária e tranquila. Não havia conseguido nada de patrocinio, seja oficial ou privado, mas em compensação ninguém palpitava na minha viagem e eu decidia tudo pela minha cabeça ou trocando idéias com meus familiares. Quando passava pelo entroncamento com a 20, que seguia para Tatia Lake, resolví mesmo sem precisar, encher o tanque da moto. Como chovia e fazia frio, resolvi tomr um chocolate quente e comer uma torta de maçã maravilhosa. Tudo pronto e aquecido pela bebida quente, continuei tocando debaixo de chuva e vento, características daquela região. Ficava impressionado com a quantidade de pick ups puxando os traillers nas duas direções, demonstrando-me que estradas boas propiciam o aumento constante do turismo rodoviário. E assim fui tocando e testando a roupa própria para chuva e frio que meu filho morador no Alasca havia enviado para mim, junto com um macacão próprio para o clima da região. O Marcio, meu filho, pratica profissionalmente aquela captura de caranguejos do Alasca, mais conhecida como pesca da morte, além de pescar Salmão na costa da Russia. Já havíamos marcado um encontro em Enchorage, para comemorarmos juntos o meu aniversário. Continuava tocando firme em direção a Prince George, onde cheguei no final da tarde e fui direto para o primeiro motel que achei, o Camelot Motel, localizado bem na entrada da cidade e na principal avenida. Como era no centro, havia uma série de restaurantes em volta, inclusive um com cozinha Tailandeza, que foi o meu escolhido. Todos os restaurantes asiáticos na região costumam utilizar o sistema de Buffet com comida farta e barata. Como passaria dois dias em Prince George, no dia seguinte providenciaria uma oficina. Depois do jantar e bem agazalhado, falei com Deborah pelo telefone e depois fui para a cama quentinha porque ninguém é de ferro. Usei o computador na própria cama e depois relaxei para um merecido repouso.

Everett a Vancouver - Canada

Despertei no hotel super animado com a perspectiva de alcançar a fronteira do Canada, na altura de Vancouver. Estava convencido de que meu desafio de chegar ao Alasca estava ficando mais próximo de se tornar realidade. Tomei um café super reforçado e saí do hotel um pouco mais ansioso do que o normal. Aproveitei para reabastecer a moto, pois não pretendia efetuar nenhuma nova parada antes de atravessar a divisa canadense. Apanhei duas barras de cereais e uma garrafa grande de mineral com gás e me mandei para a 5, onde cumpriria a última etapa em território americano. O dia estava meio nublado, um pouco frio, mas sem chuva e sem vento muito forte. Fui tocando em direção a Bellingham, última cidade americana que passaria antes de atravessar a fronteira. Antes do meio dia, entrava na aduana canadense, muito organizada, limpa e com um atendimento bem ordenado. Como o visto americano é aceito no Canada, não tive a menor dificuldade em cumprir os trâmites de entrada. Em vinte minutos, estava liberado e já transitando na rodovia 1, em terras canadenses. Um pouco antes de chegar em Vancouver, como já conhecia aquela belíssima cidade, resolví continuar na 1 e tocar para dormir em Hope. Alguns quilômetros adiante, me decidí por tocar pela 97 até 100 mile house. Chegaria um pouco tarde nesse ponto, mas adiantaria muito a viagem. Deixaria tambem para a volta, o trecho de Baniff a Jasper, uma estrada que corta um belíssimo parque nacional e é considerada uma das mais bonitas do mundo. Nesse parque, eles preservam o urso e vc cruza constantemente com esses animais na rodovia. A minha opção parecia mais acertada, porque além de ganhar tempo, iria passar por lugares para mim ainda desconhecidos. Fui tocando e na entrada para Kamloops, aproveitei para reabastecer a moto e esticar as pernas. No Canada o sistema muda um pouco e na maioria dos postos vc paga a gazolina nos escritórios e lojas de conviniência. Após beber um café com creme delicioso, voltei para a 97 e toquei em direção a 100 mile house onde cheguei já anoitecendo e com a temperatura em queda bem acentuada. Fui para um motel chamado Gateway Motor Inn e conseguí um quarto com direito a usar internete grátis e com um pequeno restaurante, onde faria minhas refeições sem precisar sair no frio. O preço dos hoteis canadenses são um pouco mais caros do que os americanos, pelo menos no norte do país. Parei a moto em frente a meu quarto e meia hora depois, já bem mais agazalhado, procurei comer alguma coisa e depois voltei para meu ritual de final de noite, conversando com os amigos via skype. Após a habitual troca de informações, desliguei o Lap Top, enrolei-me naqueles super cobertores e apaguei naquele ambiente aquecido e acolhedor.

domingo, 27 de novembro de 2011

Spokane a Everett

Ainda sob o efeito do susto do dia anterior e convencido de que teria que manter meu capacete sempre na cabeça como se estivesse viajando no Brasil, paguei o hotel e toquei para a oficina. De lá, concluída a revisão que pretendia fazer, tocaria direto para a estrada e seguiria em direção a Seattle.Ao chegar na oficina, sentí que teria que orientar o mecânico no decorrer da revisão. Ele não sabia por exemplo que minha moto tinha dois bujões de saída de óleo. Ele entendia mesmo de Harley ou BMW, aliás as duas marcas predominantes na America do Norte. Acabada a revisão e após o susto com o preço da mão de obra local, reorganizei toda a minha bagagem e partí para a estrada. Para vcs terem uma idéia, eles cobram 300 dólares por hora trabalhada nas oficinas. Outra coisa que merece registro é o fato de que concessionário mesmo vc só encontra da linha Harley, no mais, as lojas e oficinas disponíveis, representam todas as outras marcas conhecidas e não atendem bem nenhuma delas. Vc não encontra peças a não ser por encomenda. Minha sorte é que havia levado um estoque de peças que fatalmente iria precisar durante minha jornada. Paguei minha conta e me mandei de volta para a 90 que me levaria até Seattle. De lá até Vancouver, no Canada, teria que mudar para a 5. A moto estava solta e andando muito bem. Apesar de ter perdido boa parte da manhã, pretendia dormir ns proximidades de Seattle, pois entrar em cidade grande é muito complicado. No inicio da tarde parei para reabastecer e encontrei um grupo de motociclistas canadenses que se dirigiam para Las Vegas. Conversamos um pouco sobre o meu projeto e mais uma vez, fui beneficiado com uma série de dicas sobre o norte do Canadá e a Alasca Highway. Após mais um dialogo virtual com a bomba de gazolina, voltei para a freeway e sentei a púa na direção de Seattle, onde deveria chegar no final da tarde. Por volta das cinco horas da tarde, comecei a cruzar a bonita e grandiosa capital de Washington. Após meia hora de tráfego intenso e daquele já conhecido emaranhado de viadutos e cruzamentos muito bem sinalizados, já viajava na 5 em direção a Everett, onde havia decidido dormir. Dalí, tocaria no dia seguinte para a fronteira do Canada. Cheguei finalmente no final da tarde e fui direto para um motel super 8, meu último refúgio em território americano. Após arrumar a bagagem e curtir uma revigorante ducha quente, coloquei uma bermuda e fui comer num Burguer King localizado nas cercanias do hotel. Comí dois hamburgueres e uma salada verde e depois fui andar um pouco antes de voltar para o quarto e iniciar a sessão de internete com os familiares sempre ansiosos por noticias. De minha parte, não podia esconder uma  certa ansiedade com a travessia da  fronteira canadense no dia seguinte. Assistí um pouco de televisão mas a fadiga levou-me para a cama mais rápido do que esperava. Dormí, pensando no que encontraria pela frente no dia seguinte, em terras canadenses.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Spokane 2 - Washington

Acordei cedo e fui caminhar no entorno do hotel e visitar um horto com plantas bem exóticas da região. A manhã estava muito bonita e o sol já começava a despontar no horizonte. Voltei para o hotel e tomei um café reforçado com tudo que tinha direito. Queria aproveitar aquela manhã cheia de brilho para conhecer melhor Spokane. Coloquei um boné do projeto, óculos escuros e me mandei para a cidade. No primeiro cruzamento, uns tres quilômetros depois do hotel, fui parado por um carro da policia. O policial usou um megafone e mandou que eu permacesse na moto. Alguns minutos depois veio em minha direção e pediu meus documentos. Apresentei minha carteira de motorista e ele perguntou pelo capacete. Respondí que como no país dele não se exigia o capacete, tinha deixado o meu no hotel. Outro carro parou atrás de mim e dele desceu um outro policial que se juntou a nós. Disseram-me então que no Estado de Washington capacete era exigido e que isso representava uma multa cara e até apreensão da moto. Depois de perguntar se eu estava indo mesmo para o Alasca, pediu-me o passaporte e eu respondí que havia deixado o documento solicitado no hotel 6 onde estava hospedado. Nisso, parou o terceiro carro, agora transportando o sherif do condado. Eles confabularam a meu respeito e o sherif se dirigiu a mim e confirmou tudo que eu havia dito aos outros dois. Aleguei que poderia mostrar o passaporte se me acompanhassem ao hotel. Ele então, para minha surpresa, me parabenizou por estar fazendo aquela jornada sozinho e com minha idade e aconselhou-me a não andar mais sem capacete naquele Estado. Liberado e aliviado, me mandei de volta para o hotel e a partir daí não deixei de usar meu capacete em momento ou em lugar algum. Coloquei uma sunga e passei o dia inteiro na piscina, nadando e apanhando sol. Estava ressabiado com o episódio da manhã e queria relaxar daquele susto. Por volta das cinco horas da tarde, voltei para o quarto e após fazer a barba, tomei uma tranquilizante ducha de água fria. Em seguida, de bermuda e camiseta do projeto, fui para o restaurante mexicano anexo e tomei um cuba libre enquanto conversava com o proprietário sobre minha jornada solitária e segundo ele muito arriscada. Sugeriu então para meu jantar um creme de milho e um bife de búfalo que lembrava nosso filé a cavalo, pois era servido com dois ovos  e batatas fritas. Após comer uma salada de frutas com sorvete e tomar um cafezinho colombiano, voltei para o hotel e entrei na internete para conversar com o pessoal que me acompanhava no dia a dia. Contei o episódio dos policiais e fui gozado por todos. Meia hora depois, com os assuntos do dia seguinte conversados e programados, desliguei o meu lap top e fui curtir uma boa cama e um eficiente e silencioso ar condicionado.

Butte a Spokane - washington

Saí de Butte super animado com o tempo pois tudo indicava que viajaria sem chuva e vento, o que significava uma boa média de velocidade e de quilômetros rodados. Pretendia dar uma esticada até Spokane, onde pararia para uma revisão na moto, incluindo-se troca de filtros de óleo e de ar. Como ia chegar no sabado a noite aproveitaria o domingo para descansar. Após passar todos esses dias sentado numa moto, estava sonhando em nadar e caminhar bastante. No meio do dia cheguei em Missoulá, já na divisa com o Estado de Washington e parei para reabastecer a moto. Encontrei dois companheiros americanos que viajavam para Vancouver, no Canada. Mais uma vez, tive oportunidade de confraternizar com estradeiros locais e conversar sobre meu projeto e motociclismo internacional. Na volta, eles pretendiam passar em Sturgis e combinamos um encontro durante o evento. A grande vantagem de viagens longas, são as novas amizades que vc vai amealhando pelo caminho e que se tornam duradouras e fraternas. Após comer uns donuts de chocolate e tomar um café expresso com meus novos amigos, me despedí e fui reabastecer a moto. Dalí, continuei tocando na 90 em direção a Spokane. Aos poucos, ia aumentando o rítmo da viagem e curtindo aquele visual maravilhoso. Lá pelo meio da tarde, passei pela simpática e charmosa Coeur d'Alene e como tinha tempo suficiente, parei para tomar um chocolate quente numa rotísserie de uma francesa radicada nos Estados Unidos. Após um doce de chocolate com cobertura de chantily delicioso, caí na real e voltei para a estrada. O resto da tarde fui tocando na minha velocidade de cruzeiro até alcançar Spokane, cidade pequena e interiorana , mas muito simpática e tranquila. Saí então à procura de um hotel com piscina e internete, as duas coisas que pretendia usar muito durante o domingo. Localizei um motel 6 próximo da oficina onde faria a revisão e num local muito tranquilo. Sua gerente era uma mexicana muito agradável e prestativa. Conseguiu-me um quarto ao lado da piscina e deu-me uma assistência toda especial para achar a melhor oficina e marcar minha revisão para a segunda feira cedo. Aqui tem que se marcar tudo e sempre com uma certa antecedência. Tudo resolvido, relaxei e fui para a piscina nadar um pouco antes de sair para comer. À noite fui jantar num restaurante que ficava ao lado do hotel e depois fui para o quarto usar um pouco da internete e avisar que faria alí uma parada meio prolongada. Após conversar com Deborah por telefone e resolver alguns problemas pendentes em Friburgo, fui direto para a cama.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Billings - montana a Butte - Idaho

Aproveitando o bom tempo e o sol que já despontava no horizonte, arrumei a bagagem na moto, reapertei os extensores e toquei para um posto antes de retornar à 90, com destino a divisa de Idaho, Estado muito pequeno, pobre para os padrões americanos, mas com um visual de fazer inveja. Muitas montanhas, vales, lagos e parques, formam um conjunto muito interessante. Fui tocando na minha velocidade de cruzeiro e lá pelo meio da manhã, encontrei um motociclista local que sinalizou para que eu parasse. Ele usava uma Harley personalizada e apenas bandana e óculos escuros a exemplo da maioria dos motociclistas americanos. Raramente nos Estados Unidos vc encontra alguem fazendo uso de capacetes tradicionais. Ao conversarmos, ficou impressionado com o meu projeto das tres américas e por ter atravessado a America Central, sozinho. Deu-me algumas dicas a respeito da travessia da Alasca Highway, chamando-me atenção para a quantidade de animais selvagens que cruzam aquela rodovia de repente, pondo em risco a segurança dos motociclistas que viajam por aquela região, além de falarmos do motociclismo estradeiro internacional. Após convidá-lo para visitar o Brasil e trocar cartões pessoais selando aquela nova amizade, nos despedimos e continuamos nossa viagem. Eu esperava continuar viajando com aquele tempo maravilhoso e alcançar Butte até o final da tarde. Precisava de algum tempo para rever alguns problemas na moto, inclusive a colocação de novo parafuso no visor que estava vibrando muito, principalmente quando apanhava períodos de vento forte. No Estado de Idaho eu viajaria muito pouco tempo, pois atravessaria uma pequena faixa do seu território, entrando logo em seguida no Estado de Washington. Finalmente alcancei Butte e fui direto para um motel 6, onde após acomodar-me num quarto bem acolhedor e com decoração temática, apanhei minha caixa de ferramenta e fui colocar o parafuso que faltava e reapertar os outros. Depois de tomar uma chuveirada, fui caminhando por umas tres quadras até um restaurante mexicano onde saciei minha fome acumulada no correr do dia. Jantei muito bem, com direito a uma saborosa sopa de entrada e depois voltei caminhando para o hotel. Entrei na internete e respondí todos os emails acumulados e depois falei por telefone com a Deborah para contar as novidades dos últimos dias. Terminada a sessão familia, liguei a televisão e assistí o jornal da CNN até ser vencido pelo sono.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Casper a Billings - Montana

Ao sair de Casper, sentí que o tempo estava bem melhor e o vento tinha diminuido de intensidade. Daria para aumentar bastante o ritmo da viagem e se tudo desse certo, chegar para dormir no Estado de Montana. Wyoming é um lugar muito bonito e o visual é bem rural, com centenas de fazendas de criação de búfalos. Parei por umas três vezes para tirar fotos de manadas desses animais, aparentemente hiper tranquilos apesar do tamanho avantajado, inteiramente diferente dos nossos aqui do Brasil. Viajei a manhã inteira sem mudar o visual e com o sol cada vez mais forte, para minha absoluta alegria. Meia hora depois, procurei uma saída para tentar reabastecer a moto. Aproveitei a parada para colocar uma mineral super gelada no porta garrafa da moto e voltei para a freeway em direção a Buffalo, onde encontraria a rodovia 90 que me levaria até Seattle, no Estado de Washington, fronteira com o Canada. O Estado de Montana tambem tem divisa com o Canada mas eu preferia entrar naquele país via Vancouver. E assim fui tocando na minha velocidade de cruzeiro, aproveitando o bom tempo e a qualidade da estrada, bem diferente das nossas. Por  volta do meio dia, estava atravessando a cidade de Buffalo, de tamanho médio e muito simpática. Parei num grande armazém só com produtos típicos da região e procurei comprar uma luva de couro crú muito usada por vaqueiros americanos. Com muita sorte, achei uma com meu tamanho de mão, o que não é fácil. Dalí, já transitando pela 90, toquei em direção a Billings, onde deveria parar para dormir. Passei por Sheridan e pela entrada do parque nacional de Yellowstone, por sinal muito interessante, principalmente para quem gosta de ursos. O único problema é que os hoteis são muito caros nessa região. Por isso mesmo, resolví tocar para a frente e aproveitar aquela tarde de sol radioso. Parei mais uma vez para colocar combustível na moto e depois toquei direto para Billings, onde cheguei no final da tarde. Fui direto para um motel da Days Inn, onde teria uma diária com preços razoaveis, apesar de não ter internete grátis. Me acomodei no quarto e antes de tomar uma chuveirada resolví caminhar até um bar do hotel onde tomei uma cerveja e comí um saboroso bife de carne de búfalo. Após um café expresso, fui caminhar e tentar digerir aquele delicioso  jantar. Meia hora depois, curtí um banho bem quente e relaxante o que me fez apagar sem sequer usar meu Lap Top, que havia decidido só operá-lo pela manhã, antes da partida.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Denver - Colorado a Casper - Wyoming

Quando saí bem cedo do hotel em direção à 25, o fiz com uma certa satisfação. O meu tombo do dia anterior e a falta de ajuda e solidariedade, me deixaram meio decepcionado com o Estado do Colorado, apesar do seu lindo visual. A minha intenção inclusive era tocar um pouco mais quente e atravessar a divisa com o Estado de Wyoming. O vento continuava firme, causando uma desagradável sensação térmica, além de exigir a todo instante atenção redobrada na pilotagem defensiva. Aquela região é bem conhecida pelos seus problemas de vendavais, terremotos, tornados, hurricanes e tantos outros,  porém todos eles tendo como base o vento violento. De vez em quando, ainda aparecia uma chuvinha fina e persistente que deixava o asfalto bem escorregadío. Após algumas horas tocando direto, resolví apanhar uma saída próxima e reabastecer a moto enquanto descansava um pouco os braços já bastante doloridos. A intensidade dos ventos locais, me lembrava muito aquele outro que nos castiga quando viajamos pela Patagônia Argentina e Chilena. Parei num posto e além do reabastecimento feito na base do regime self service, ainda aproveitei para lubrificar a corrente da moto. Eu estava certo de que voltaria para  o Brasil transformado num habilidoso e competente frentista. É incrivel como a tecnologia avançou naquele país e deixou seus cidadaõs  cada vez mais isolados uns dos outros. O pior é que eu conseguí me adaptar ao sistema rapidinho, até por necessidade de sobrevivência. Dalí, voltei para a 25 e no meio do dia já estava atravessando a simpática cidade de Cheyenne. Como era muito cedo e a chuva havia  melhorado bastante, resolví parar em Casper, já no Estado de Wyoming. Fui tocando e pensando no clima pesado que iria enfrentar no norte do Canada e no Alasca. Pensava mais na questão climática do que na rica e selvagem fauna que povoa a Alasca Highway, única ligação rodoviária entre essas duas regiões. E assim fui tocando a moto em velocidade de cruzeiro apesar de toda aquela ventania. Já notava inclusive, um substancial aumento no consumo de combustível. Do meio para o fim da tarde comecei a me aproximar de Casper. Apesar do dia ainda estar claro, resolví que ia procurar um hotel e repousar um pouco. Dessa vez o escolhido foi o hotel Parkway Plaza, localizado bem na chegada da cidade, o que  facilitaria muito minha saída no dia seguinte. Depois do ritual da chegada e do transporte da bagagem para o quarto, tomei uma ducha bem quente e saí direto para o próprio restaurante do hotel. Comí muito bem e após um cafezinho com creme, saí para caminhar pelo entorno, com direito a assistir um belíssimo por do sol. Voltei em seguida para meu quarto e iniciei uma sessão de internete, falando com os amigos e familiares através do skype. Terminado esse bate papo virtual, tratei de planejar a viagem do dia seguinte e depois fui assistir um pouco do jornal da CNN para saber qual o novo ministro que sairia do governo acusado de desvio de verba pública. Durante minha jornada assistí a queda de pelo menos tres ministros. Aos poucos, fui envolvido pelo sono e dormí profundamente.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Colorado Springs a Denver

Saí do hotel muito bem recuperado mas logo percebí que teria mais um dia de muito vento durante o trajeto para Denver. Era impressionante a pressão sobre a moto e como ele soprava da esquerda para a direita, quase arrancando um saco com roupas sujas que transportava amarrada no baú central. A minha experiência como estradeiro me recomendava  andar sempre na pista da direita e o mais próximo possivel do acostamento. Fui tocando minha viagem com muito sacrificio já que a cada momento as lufadas de vento pioravam e ensaiavam me tirar da pista. Num determinado momento, soltei a mão esquerda para arrumar um gancho que me machucava nas costas e recebí pelo lado esquerdo uma violenta lufada de vento que  nos empurrou  para o acostamento, levando-nos por consequência a descer o barranco da pista e cair no gramado bem cuidado que margeava a rodovia. A grama amorteceu nossa queda e nos protegeu totalmente evitando arranhar a moto ou me machucar. O problema é que não conseguia levantar a moto sozinho e comecei a sinalizar pedindo ajuda para os veículos que passavam aos milhares. Para minha surpresa, vários  grupos de motociclistas passaram por mi sem sequer olhar para o lado. Naquele momento, concluí que a palavra solidariedade não existia naqueles confins e que eu teria que me virar  
sozinho. Tentei por mais duas vezes levantar a moto e nada. Pelo inicio da tarde, finalmente quando eu já não esperava ajuda, um carro branco parou no acostamento e dele desceu uma senhora de seus 50 anos e um garoto de uns 14, bem gordinho e que vim a saber tratar-se de seu neto. Por mais incrivel que pareça, os dois me ajudaram a levantar a moto e sair daquele buraco. Esperaram que eu ligasse o motor e levasse a moto de volta para o asfalto e quando agradecí perguntando-lhe de onde era, respondeu-me que morava em Denver mas era mexicana de Ciudad Juarez. Estava finalmente esclarecido para mim que naquele país a máxima era a de cada um por sí e Deus por todos e que as palavras amizade, fraternidade e lealdade tão preconizadas no motociclismo, alí, só serviriam para adesivar motos. Com os ensinamentos daquele episódio, redobrei minha atenção na pilotagem e convencí-me de que estava mais solitário do que pensava naquela jornada. No meio da tarde, alcancei Denver e comecei a cruzá-la sempre atento ao GPS e as placas de sinalização expostas à minha frente. É uma cidade bonita, rica e grandiosa. Para atravessá-la, cruzei uma dezena de viadutos que se multiplicavam à minha frente. Uns trinta minutos depois, já trafegava novamente numa 25 mais tranquila e receptiva. Fui tocando e ao chegar próximo à saída para Greeley, aproveitei para procurar um hotel. Dessa vez, escolhí um Days Inn que oferecia Breakfast e internete grátis, além de ter um restaurante bem próximo. Após parar a moto na frente do meu quarto e verificar se havia algum estrago em decorrência do acidente na estrada, fui para o quarto e entrei no banho. Mais tarde, após ter usado a internete, fui caminhando para o restaurante vizinho ao hotel e fiz uma refeição à base de carne, ovos e salada verde. Voltei então para o motel, tentando relaxar de toda aquela adrenalina acumulada durante o dia. Assistí um jornal na televisão e meia hora depois já dormia profundamente.

Santa Fé - Novo Mexico a Colorado Springs - Colorado

Hoje iria enfrentar um daqueles dias bem ventosos e que de certa forma atrazam muito o bom rendimento da viagem. O tempo estava meio nublado e indicava chuva durante o trajeto. Vestí minha roupa de frio e preparei meu espirito para uma jornada bem complicada que faria entre Santa Fé e Colorado Springs. Como o motel não servia café, fui até um Dennis e calmamente curtí um café completo. Minutos depois, saí para a 25 devidamente agasalhado e muito bem alimentado. A estrada como sempre muito movimentada mas com um tráfego muito bem ordenado. Havia muitas motos na estrada e curiosamente, pilotadas por motociclistas sem capacete, fazendo uso apenas de bandanas e óculos escuros. São raríssimos os estados americanos que exigem o uso de capacetes como acontece no Brasil. Na altura de Springer, procurei uma saída para reabastecer a moto e promover uma ligeira pausa para aliviar-me do vento que se tornava mais forte a cada hora. Como sempre, abastecí a moto e apanhei um espresso bem quente e um pacote de amanteigados na drugs, que serviriam para aquecer-me na estrada. Cumprimentei tres motociclistas que estavam abastecendo e retornei à 25. Esperava só parar novamente em Walsemburg. Portanto, fui tocando no rítmo daquele vento cansativo mas ao mesmo tempo estimulante, até chegar em Raton, na divisa com o Colorado. Após a travessia, poucos quilômetros adiante e já cruzava a simpática e pacata cidade de Trinidad no belíssimo Estado do Colorado, com suas montanhas, desfiladeiros e parques nacionais. A chuva havia diminuido mas o vento aumentava gradativamente. Apesar das luvas térmicas que usava por baixo das tradicionais de couro crú forrado com pêlo de ovelha, minhas maõs continuavam geladas. A sensação térmica é muito bem avaliada quando viajamos de moto no frio. Na altura de Pueblo procurei nova saída e me abriguei um pouco enquanto reabastecia a moto. Estava decidido a andar um pouco menos naquele dia e faria uma parada estratégica em algumas horas para aliviar-me daquele frio cada vez mais constante e forte. Com o reabastecimento concluído e com a moto oscilante ao sabor do vento, retornei para a freeway e seguí minha jornada. Naquele mau tempo, ficava imaginando o que enfrentaria no norte do Canada e no Alasca. Fui tocando aos trancos e barrancos e algumas horas depois me aproximei de Colorado Springs. Ao procurar um lugar para um repouso forçado pelo tempo que piorava constantemente, optei por um motel da cadeia super 8, que oferecia café continental e internete gratis. Me dirigí para a recepção e minutos depois já estacionava a moto próximo à janela do meu quarto, no andar térreo, já que esse motel era um prédio de dois andares e fechado. Nas extremidades e no meio do estacionamento vc tinha portas que davam acesso ao corredor central e aos quartos. Retirei um bauleto lateral e fui para meu quarto. Após tomar uma ducha bem quente, saí pelo corredor e utilizei uma máquina de sanduiches e refrigerantes para saciar minha fome. Não me animava a sair em busca de um restaurante naquele vento desagradável. Voltei para o quarto e enquanto saboreava uma barra de cereais, respondí aos emails acumulados durante o dia. Encerrada minha hora virtual, voltei para a cama e embaixo daquelas cobertas bem quentes e com o aquecedor ligado, caí num sono profundo e reparador.

domingo, 20 de novembro de 2011

Flagstaff a Santa Fé

Quando me dirigí à Drugstore do posto onde eu iria abastecer a moto, estava pensando em promover uma esticada de flagstaff até Santa Fé. Passaria direto por Albuquerque e apanharia de volta a 25, aliás, a estrada que me levaria até o Estado de Washington e por consequência, à fronteira do Canada. Durante o café reforçado, já traçava mentalmente toda a minha rota daquele dia. O tempo estava bom e o vento moderado indicava uma jornada confortável e produtiva. Moto reabastecida, caí no asfalto e sentei a pua em direção ao cruzamento da 25 com a 40, na altura de Albuquerque. Após um pouco mais de meio dia sem parar, a não ser para reabastecer a máquina e meu estoque de água mineral, passei pela entrada de Albuquerque e seguí para Santa Fé. Era impressionante a quantidade de motor home com os quais cruzava na minha rota. Alguns mais pesados eram puxados por pick ups de até quatro pneus na parte trazeira, outros rebocados por motos possantes da Harley. Aliás, essas motos são absolutas tanto nas estradas americanas como canadenses. Em cada cidade que vc chega, seja média ou grande, está lá bem na entrada e num lugar de fácil acesso, uma concessionária da marca. As motos custom se adaptam muito bem naquelas estradas de curvas suaves e pavimentação impecavél. Quanto a mim, tão logo passei por Albuquerque e já seguindo pela 25, tive que fazer novo pit stop para gazolina e calibragem dos pneus, coisa que não fazia desde minha saída do Rio de Janeiro. Era dificil se encontrar algum local com nitrogênio para vender. Quando viajo para longe e principalmente se tenho que atravessar zonas desérticas, prefiro usá-lo porque ele mantém a rodagem fria e por consequência, se gasta menos borracha no atrito com o asfalto quente. No final da tarde, inicio da noite, cheguei finalmente em Santa Fé. Saí da 25 e me dirigí para um motel 6, cujos preços são muito accessíveis e vc sempre para a moto na frente do teu quarto. Resolvida a acomodação, saí a procura de um Burguer King que me haviam indicado. Comí um bom hamburguer, acompanhado de salada com molho italiano e voltei para o motel. Liguei meu lap top e respondí um monte de emails de amigos e familiares preocupados com minha solitária jornada. Após acalmá-los e transmitir-lhes algumas boas noticias da viagem, tomei uma merecida ducha e apaguei, literalmente.

Albuquerque a Flagstaff - Arizona

Após tomar um café reforçado no hotel, apanhei minha moto já plenamente abastecida, lubrificada  com óleo e filtros novos e toquei para a 66 com o intuito de curtir um pouco daquele romantismo americano. Esta estrada símbolo para o motociclismo internacional, pois todos têm o sonho de conhece-la ou atravessá-la, já foi muito mais extensa, indo de San Francisco a Chicago, trecho atualmente quase todo coberto por modernas freeways com quatro a cinco pistas para cada lado. Minha primeira parada para abastecer e tomar um café foi Gallup, ainda no Novo Mexico. No posto de abastecimento encontrei um grupo de motociclistas canadenses que iam até a California e depois seguiriam para Vancouver , no Canada. Ficaram muito impressionados com minha disposição de seguir até o Alasca e me deram algumas dicas para me proteger dos ursos que povoam o norte do Canada e o próprio Alasca. Uma delas era fazer bastante barulho se a moto quebrasse na travessia da Alasca Highway, tipo tocar buzina ou sirene, porque esse tipo de fera fica muito extressado com barulho. Após um rápido papo sobre moto e meu projeto, resolví seguir em frente, declinando do convite para comer alguma coisa com eles. Retornei para a estrada e algumas horas depois, atravessava a divisa com o Estado do Arizona e já via algumas placas anunciando a cidade de Holbrook. Para quem não conhece, o Arizona além de muito bonito é um lugar muito acolhedor. O povo de uma maneira geral, além de muito simpático e hospitaleiro, faz o tipo roceiro. Continuei tocando até ultrapassar os limites da cidade e então parei num posto para reabastecer e descansar um pouco os braços já bem doloridos. Estava dificil para segurar a moto naquele vento que só aumentava de intensidade. Tomei uma mineral e caí na estrada novamente, agora em direção a Flagstaff, cidade localizada num entroncamento da 17 com a quarenta. Apesar do vento forte, conseguí chegar no final da tarde e fui direto para um pequeno motel chamado I-90 Inn e reservei um quarto de quina, com uma pequena cobertura onde deixei a moto estacionada e parcialmente protegida. Á noite, saí caminhando para uma steack house e conseguí comer um bife de 12 onças, maravilhoso. Em seguida dei uma longa caminhada pela cidade e voltei para cumprir meus compromissos de internete com meus amigos que me seguiam virtualmente. Após fornecer minhas coordenadas e avisar para meus familiares que no dia seguinte retornaria em direção ao Colorado, resolví jiboiar um pouco antes de dormir assistindo um bom filme na televisão, que para variar, amanheceu ligada.

sábado, 19 de novembro de 2011

El Paso a Albuquerque - Novo México - 3

A idéia de parar por volta de Socorro, Novo Mexico, foi muito boa , pois estava um pouco mais fatigado do que achava. Cheguei à conclusão de que estradas maravilhosas às vezes, cansam um pouco mais que as outras, por falta de ação e por consequência, falta de adrenalina. O dia amanheceu com uma réstia de sol, mas o vento continuava forte. Aproveitaria para me basear em Albuquerque e daria uma volta pela 66, sonho acalentado pela maioria dos motociclistas. Só que dessa vez, deixaria Las Vegas e o deserto de Monjavi para a volta. Estava preocupado com o encontro oficial que teria com o prefeito de Enchorage, no Alasca, marcado para meados de julho. Ia aproveitar o pit stop em Albuquerque para trocar óleo e respectivos filtros. Estava convencido que tinha acertado em cheio quando resolví levar comigo todas essas peças de reposição, pois vc não encontra nada para comprar que não seja da marca Harley. Logo após iniciar a jornada do dia, aproveitei para reabastecer e comprar novas teias e extensores, aproveitando a boa qualidade e durabilidade dos produtos americanos. Essas coisas simples vc encontra nas drugs dos postos de abastecimento por um preço bem em conta. Aproveitei inclusive para colocar teias em volta dos bauletos laterais para evitar a queda dos mesmos por conta de algum solavanco mais forte. Em seguida, voltei para a 25 e continuei tranquilo curtindo minha viagem e o belo visual do Novo Mexico. De vez em quando, consultava o GPS "Tom Tom", que havia sido instalado na moto, graças à contribuição de meu irmão Delio, um dos que mais contribuiram para a realização e êxito dessa minha aventura. Finalmente pelo inicio da tarde, cheguei na altura de Albuquerque e fui para o hotel Best Western, localizado no entroncamento da 25 com a 40. Alí deveria permanecer por uns dois dias, pelo menos. Fui para o hotel e do meu quarto, programei a troca de óleo da moto que seria executada num posto  bem próximo dalí. Só compraria o óleo, pois todo o resto transportava em minha bagagem. Nos Estados Unidos, evite sempre que puder a mão de obra de terceiros pois é absurdamente cara para nosso padrão brasileiro. Encerrada a tarefa, voltei para o hotel e além de usar a internete, confirmei um encontro com Claudio na própria 25, já que ele utilizava a mesma rodovia para retornar a Dallas, no Texas. Comí alguma coisa rápida e após lavar toda a roupa suja acumulada e secá-las numa outra máquina, via moedas de um quarto de dólar, fui dormir o sono dos justos.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

El Paso a Albuquerque - Novo México - 2

Quando saí do motel 6, na altura de Las Cruces, estava com uma idéia que iria por em prática quando chegasse a Albuquerque. Como havia um hotel Best Western, bem no entroncamento da 25 com a quarenta, a estrada que vai para Nevada, via route 66, estava decidido a passar dois dias fazendo uma revisão na moto e nas minhas roupas que precisavam ser lavadas e passadas, ou seja, precisava me reorganizar e iria aproveitar para rever aquela região indo até Flagstaff, passando por Gallup e Holbrook. Enquanto ia divagando sobre o assunto ia tocando firme em direção a Las Cruces, outra cidade muito interessante do Novo Mexico. Antes de atravessá-la, resolví sair da 25 e procurar um posto de abastecimento, pois não gostava de atravessar aquelas grandes cidades com pouca gazolina. Qualquer problema naquele emaranhado de pistas, viadutos e túneis, seria uma coisa muito complicada. Reabastecí a moto e aproveitei para procurar uma luva de couro forrado, muito usada naquela região de manejo de gado, para tentar aquecer as mãos, já que a temperatura baixava e a sensação térmica aumentava, começando a incomodar. Depois de muito procurar, achei uma luva de couro e lã, que talvez resolvesse meu problema de frio nas maõs. Aproveitei para tomar um café expresso, com bastante creme e em seguida, já usando as luvas novas voltei para a estrada e algumas milhas adiante, comecei a atravessar a bonita Las Cruces, cercado de centenas de carros e principalmente camionetes, com quatro rodas traseiras, puxando lindos motor home. Em meia hora, já havia saído daquele borburinho e estava curtindo novamente aquela solidão gostosa que só as estradas oferecem aos motociclistas solitários e sonhadores. Como Albuquerque ainda estava muito longe, comecei a me programar para uma parada em Socorro e recarregar as baterias, não as da moto, mas as minhas. O vento estava aumentando de intensidade e o frio estava começando a me incomodar. Procurei ficar atento ao próximo aviso de saída com placas indicativas de hotéis. Uma meia hora depois, apareceu a tradicional placa com a relação dos hotéis disponíveis. Apanhei a saída correspondente e me dirigí para um Budget Inn, muito simpático e que oferecia internete gratis e café continental. Tinha apenas 43 quartos e eu logo ocupei um, para evitar surpresas. Estava muito frio e nada melhor do que garantir um quarto de hotel, bem acolhedor. Havia uma steack House ao lado do motel e aproveitei para comer uma boa carne. Após o jantar, voltei para minha sessão diária de internete e depois fui dormir naquele quarto super aquecido e confortável.

El Paso a Albuquerque - Novo México

O Super 8 oferecia café da manhã completo, incluído na diária e aproveitei para sair com o estômago  forrado e conomizar esse dinheiro que poderia gastar no primeiro reabastecimento do dia. Saí do hotel e voltei para a Freeway em direção a El Paso, fronteira com Ciudad Juarez, uma das cidades mais violentas do Mexico, onde se trava há anos uma luta violenta entre os cartéis de drogas e de tráfico humano. Nessa região existe uma forte influência espanhola e onde vc chega, encontra sempre algum imigrante mexicano para te atender. Aliás, no Texas e principalmente no Novo Mexico, vc sempre encontra alguém que fale o idioma espanhol. Fui tocando minha viagem e no meio do dia, entrei na cidade de El Paso e atravessei aquele emaranhado de viadutos todos muito bem sinalizados e seguí em direção a Las Cruces, já rodando pela rodovia 25, na qual passaria a maior parte de minha viagem em território americano. O incrivel é que vc muda de um Estado para outro e só muda o visual, porque a qualidade das estradas continuam excelentes, seguras, bem sinalizadas e acima de tudo, muito bem policiadas. Minha jornada continuava firme e sem nenhum daqueles problemas que azucrinam os estradeiros brasileiros, tipo quebra molas exagerados, buraqueira infernal, pedágios com preços exorbitantes e absoluta insegurança. Um pouco depois de atravessar El Paso, apanhei uma daquelas saídas providenciais e procurei um posto para reabastecimento. Aproveitei para apanhar algumas barras de cereais, já que meu estoque de castanhas de cajú que havia trazido do Brasil já tinha sído todo consumido. Voltei para a 25, conferí a direção do GPS e mantive a mesma velocidade de cruzeiro. O tempo continuava nublado, com ventos fortes, porém sem chuva. O frio é que continuava sempre aumentando na mesma proporção em que eu avançava em direção ao Canada. Pelos meus cálculos, no dia seguinte deveria chegar em Albuquerque e apanhar o cruzamento da 40 e seguir em direção à 66 , pelo menos até flagstaff. Havia resolvido que não subiria por San Francisco, por já conhecer essa rota via Nevada. Faria dessa vez um caminho totalmente diferente, para mim. No final da tarde já me aproximava de Las Cruces, onde pretendia parar e dessa vez, optei pelo motel 6, já que oferecia café continental e serviço de internete gratis. Alguns hoteis e moteis americanos, cobram uma taxa para uso da internete que varia de 4 a 6 dólares por dia e só liberam a senha de uso após o pagamento antecipado. Aproveitei para reabastecer a moto antes de ingressar no motel e comprar algumas frutas para consumi-las no quarto. Após fazer o check in, dirigí a moto para o estacionamento frontal ao quarto e aproveitei para rearrumar tudo que estava amarrado nas teias, tipo cantil, óleo de corrente, etc. Saquei o bauleto lateral com as roupas do dia a dia e fui para o quarto usar a internete antes de sair para comer. Respondí aos emails dos amigos que acompanhavam minha viagem no dia a dia e passei minhas coordenadas para a familia. Troquei de roupa e fui comer num Mcdonald. Escolhí um combo que incluía um BigMac, salada com molho italiano, batata frita, sunday e coca cola livre, ou seja, vc enche seu copo quantas vezes quiser. Após o lanche, voltei caminhando para o motel. Antes de dormir, separei algumas peças de roupas mais quentes para suportar a queda de temperatura que iria enfrentar no dia seguinte.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

San Antonio - texas a El Paso - Novo Mexico

Saí do hotel cedo, após utilizar mais uma vez aquela maquininha milagrosa de café e seu respectivo Kit, com as quantidades exatas e uma praticidade incrivel. Seguí em direção a freeway 10 e nela pretendia viajar até El Paso, quando passaria para a 25, que me levaria até bem próximo da fronteira com o Canada, na altura de Seattle, no Estado de Washington. Após a primeira hora de viagem, numa manhã chuvosa e com muito vento, apanhei uma saída em direção a um posto de gazolina onde depois de reabastecer o tanque da moto, saí em direção a uma loja Dennys para tomar um café reforçado à base de batata, ovos fritos, presunto e torradas. Na minha opinião, essa cadeia de lojas que se espalha por todo o país, tem o mais completo café da manhã para viajantes e turistas. Após a suculenta refeição matinal, apanhei um suco de laranja para viagem e coloquei-o no porta-garrafa que tenho em minha moto, pois pretendia curti-lo aos poucos durante o dia. O vento estava cada vez mais forte e a chuva continuava fraca, quase um chuvisco. Como estava com uma roupa própria para chuva e frio, que me havia sido mandada do Alasca pelo meu filho Marcio, fui tocando no mesmo rítmo sem nenhum tipo de incômodo. Apesar da estrada estar um pouco escorregadía, a rodagem da minha moto estava nova e só pretendia trocá-la bem mais adiante e de preferência, no Canada. Fui tocando a 120 km por hora, já que havia estabelecido tal limite como velocidade de cruzeiro. No meio da tarde , já mais ou menos próximo de El Paso, resoví reabastecer a moto que já estava no tanque reserva. Paguei em cartão de crédito, solicitei meu recibo da bomba e fui na drugstore do posto para tomar um café expresso que me caiu como uma luva. A tarde estava com a temperatura em baixa e a estrada começava a ficar nublada. Como mau tempo nunca me impressionou muito, continuei minha jornada numa boa, aproveitando o que aquela maravilhosa rodovia me oferecia em termos de conforto e segurança. Ao começar a escurecer e bem próximo da bela e rica El Paso, resolví dar uma parada para dormir e enfrentar aquele labirinto de viadutos, comuns na chegada e travessia das grandes cidades americanas, no dia seguinte. Tomei a primeira saída que anunciava vários hoteis e dessa vez, me encaminhei para um motel super 8 e cumprí o mesmo ritual de sempre, parando a moto na porta do meu quarto e embaixo de um avarandado que cobria a bagagem e evitava molha-la durante a noite. Troquei de roupa e saí caminhando em direção a um restaurante chinês que ficava ao lado da recepção e que tinha sido o responsável pela escolha daquele motel. Adoro a cozinha oriental e naquela noite me deliciei com um buffet muito variado e saboroso, além de um preço muito justo. Após encerrar com uma maravilhosa banana caramelada e um chafé típico americano, daqueles bem ralos, saí caminhando em volta do hotel, tentando fazer minha digestão antes de dormir. Nessa noite, ainda tentei falar com Claudio para combinar melhor nosso encontro na estrada, mas não conseguí localizá-lo. Falei com Deborah por telefone e logo depois fui dormir.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Corpus Christi a San Antonio - texas

Acordei cedo e após usar a máquina de café do meu próprio quarto e comer alguns biscoitos que fazem parte do kit café ( pó, açucar, adoçante, filtro e caneca ), arrumei a moto, deixei a chave no quarto e me mandei em direção a Corpus Christi, cidade texana situada às margens do golfo do mexico. Após um giro pela cidade, fui a um Burger King para tomar um café reforçado e olhar o movimento que já se intensificava com o pessoal passando via praia. Como o dever me chamava, toquei de volta para a estrada e apanhei a 37 em direção a San Antonio. Durante toda a manhã curtí aquela freeway super sinalizada e as pequenas cidades que se sucediam durante o percurso. No inicio da tarde, usei uma daquelas saídas providenciais e fui reabastecer a moto. Após o ritual de sempre, quando vc abastece e paga através da própria bomba , tomei um café com creme e voltei para a rodovia de movimento intenso mais ordenado. Algumas dezenas de milhas à frente, comecei a cruzar San Antonio, cidade muito rica, bonita e que impressiona pela sua grandiosidade. Comecei a atravessar grandes viadutos e cruzamentos, todos muito bem sinalizados e comecei a prestar atenção na indicação da 10 , que me levaria para a divisa com Novo México. Meia hora depois, eu já circulava em direção a El Paso, onde apanharia a 25 , através da qual cortaria os Estados Unidos, até o Estado de Montana. Viajei a tarde toda curtindo o visual e aquela tecnologia rodoviária que torna sua viagem  mais segura e mais produtiva. No final da tarde resolví parar para descansar um pouco e apanhei a primeira saída disponível para deixar a rodovia principal. Tão logo descí a rampa, encontrei um super 8 , cadeia de moteis de estrada com tarifas bem razoaveis e um ótimo atendimento. Como sempre, parei minha moto em frente a porta do meu apartamento, tomei uma ducha e saí caminhando algumas quadras em direção a uma loja Mcdonald, onde comí uma boa salada e os tradicionais hamburgueres da casa, finalizando com uma saborosa apple pie de sobremesa . Dalí, voltei caminhando para o motel e fui trocar informações com meus familiares, já mais tranquilos com os novos rumos de minha solitária jornada. Após umas duas horas de internete, fui para a cama e caí num sono profundo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Matamoros - mexico a Brownsville - texas

Tomei calmamente meu super café em Matamoros, separei meu passaporte, os documentos de entrada no Mexico e toquei para a aduana americana. Como tinha um permisso de quatro meses no Mexico, fui direto para a imigração americana para tratar da documentação da moto. Após saberem que eu estava indo sozinho para o Alasca e impressionados com minha idade e resistência, nem vistoriaram minha bagagem e mandaram-me diretamente para o controle de passaportes. Não demorei mais que vinte minutos para ser autorizado a seguir minha jornada em direção a Brownsville, típica cidade do interior texano, localizada próxima ao golfo do mexico. Comecei então a viajar por uma freeway maravilhosa, sem buracos, quebra molas, insegurança e violência, com os quais havia convivido nas últimas semanas de viagem. O meu GPS, passou a ser um simples adorno, em face da numerosa e eficiente sinalização nas estradas. Passei a rodar numa velocidade média de 120 km e a desfrutar daquele absoluto conforto. No inicio da tarde, usei uma daquelas saídas que sinalizam postos, hoteis, restaurantes, etc..., e parei para reabastecer a moto. Vc simplesmente coloca seu cartão de crédito na bomba, sinaliza a quantidade de combustível que pretende, coloca a mangueira no tanque da moto e aguarda a conclusão daquela operação, para apanhar seu recibo fornecido pela própria bomba e seguir o seu caminho. Se precisa usar um banheiro ou comprar algo na drugstore do posto, deixa a moto parada na própria bomba, uma das dez espalhadas pela estação se serviço e vai resolver seu problema sem qualquer preocupação. Com a moto abastecida, resolví que daria uma esticada a dormiria entre Kingsville e Corpus Christi. O meu esquema de viagem havia mudado radicalmente e dalí para a frente não iria mais programar minhas paradas com muita antecedência. Viajava pela 77 e pretendia apanhar a 10 na altura de San Antonio. O Texas é um estado muito rico e com um visual muito bonito. Fui tocando e um pouco antes de Corpus Christi resolví apanhar uma saída que me levaria diretamente a um hotel da cadeia Days Inn, cujos preços combinavam com meu orçamento. Ao chegar, paguei minha diária com cartão de crédito e dirigí a moto para a frente do meu quarto, o que me facilitava em muito o manejo da bagagem. Após uma revitalizante  ducha, saí caminhando umas duas quadras para comer num Burguer King. Após saciar a fome, voltei para meu quarto e cumprí a rotina daquela noite, avisando aos familiares e amigos da minha chegada em território americano. 

domingo, 13 de novembro de 2011

Ciudad Vitoria a Matamoros - mexico

Naquela manhã, acordei com a certeza de que enfrentaria naquele dia o pior trecho de minha jornada pelo mexico. Filtrando todas as opiniões a respeito da rota que iria atravessar a partir dalí, concluí que minhas precauções teriam que ser redobradas. Lembrei-me inclusive, que carregava no bolso o objeto mais precioso naquela região e que por ele, centenas de pessoas seriam capazes até de matar ou morrer, para possuí-lo. Tratava-se de nada menos que meu passaporte, com vistos americano e canadense, pronto para ser utilizado por qualquer pessoa mal intencionada ou integrante de um dos cartéis criminosos que atuam em todo aquele território fronteiriço. Estava plenamente convencido de que quanto mais próximo da aduana americana chegasse, mais risco de vida correria. Ao reabastecer a moto, um frentista comentou o quanto perigoso era viajar com aquele tipo de roupa que usava na ocasião. Ele se referia à minha farda camuflada dos fuzileiros navais americanos, que vinha utilizando por toda a america do sul e central. Pessoalmente, eu achava o contrário, tal vestimenta impunha algum respeito no meio da bandidagem e documento oficial era bem mais dificil de falsificar. Com espirito preparado e acreditando que nada acontece sem motivo, toquei em direção a Matamoros. A viagem corria sem problemas e eu esperava chegar no final da tarde, antes de escurecer. Para evitar dúvidas ou enganos, ajustei meu GPS para o hotel Matamoros, localizado no centro da cidade e em plena avenida que me levaria para o interior da aduana americana. Fui tocando a moto, procurando apreciar a paisagem e esquecendo das dificuldades que poderia encontrar pela frente. Já próximo a matamoros, parei para reabastecer e o frentista falou-me para não viajar ao anoitecer por aquela região, mostrando-me o estacionamento do posto lotado de caminhões e carretas. Os caminhoneiros que trafegam em direção à aduana, costumam parar por volta das quatro horas da tarde e só saem no dia seguinte. Dalí para a frente, aproveitando que a estrada havia duplicado as pistas, sentei a borracha na moto e bem antes do anoitecer, estava entrando no estacionamento do hotel. Como o centro da cidade à noite, fica absolutamente deserto, aproveitei para comemorar no próprio restaurante do hotel, essa última etapa de minha jornada em terras mexicanas. No dia seguinte, não voltaria para a estrada, pois a aduana americana fica localizada no entorno da cidade. Procurando relaxar, respondí meus emails, cada dia mais volumosos, tomei uma ducha quente e fui para a cama tentar dormir.

sábado, 12 de novembro de 2011

Tampico a Ciudad Vitória - mexico

Saí de Tampico um pouco mais tarde do que era meu programa. Eu tinha duas opções, ou tocava direto para Matamoros, cidade onde atravessaria a fronteira com o Texas ou parava no meio do caminho em Ciudad Vitória. Optei pela segunda hipótese, em face de conselhos recebidos em Tampico, com relação à violência reinante naquela zona de fronteira e os constantes assaltos a todo tipo de veículo que insistia em trafegar após o final da tarde. Decidí então que chegaria mais cedo em Ciudad Vitória e procuraria me inteirar dos problemas que teria que enfrentar quando chegasse em Matamoros. Com a decisão tomada, reabastecí a moto e procurei conversar com o frentista sobre a travessia da fronteira no dia seguinte e ele repetiu os conselhos já recebidos anteriormente. Como estava com tempo sobrando, tomei uma mineral e toquei de volta para a estrada. Estava com muita sorte, o tempo aberto, sol resplandecente, temperatura amena e sem vento, tudo que um estradeiro sonha numa viagem longa. Mantive a moto numa velocidade de cruzeiro, no meu caso 100 km e fui tocando para Ciudad Vitória. Notei que após Vera Cruz os quebra molas tinham diminuido muito, até mesmo no interior dos povoados menores. Isso tambem, passou a contribuir para a tranquilidade de minha viagem naquele trecho. No meio da tarde, alcancei finalmente Ciudad Vitoria e antes de entrar na perímetro urbano avistei um enorme posto da Pemex com um motel anexado ao próprio terreno. Para mim, aquele seria o lugar ideal para dormir. Conseguí do gerente a permissão para esracionar minha moto na varanda frontal e coberta da recepção, o que me tranquilizou muito. Como era cedo ainda, deixei a bagagem no quarto e fui na loja do posto comprar uma lata de HD40 para lubrificar a corrente da moto, já que a mistura de óleo com grafite que eu havia levado do Brasil tinha acabado. Voltei para o quarto e aproveitei para responder minhas mensagens e como sempre, avisar onde estava e para onde ia no dia seguinte. Comí uma refeição típica de caminhoneiro no próprio restaurante do posto e voltei para o quarto, onde assistí um filme na televisão, pela metade, já que havia apagado com o aparelho ligado. 

Poza Rica a Tampico - mexico

Ao sair de Poza Rica em direção a Tampico sabia que teria um longo dia de viagem pela frente. De repente veio em minha mente lembranças de minha época de garoto quando assistia aqueles filmes de faroeste americano e Tampico fazia parte daqueles roteiros de fuga ou de lutas entre bandoleiros americanos e mexicanos. Hoje, Tampico é uma cidade bem grande, moderna e muito movimentada, a exemplo de todas as outras cidades que margeiam o golfo do mexico e estão próximas da fronteira dos Estados Unidos. Como estava na reserva, procurei o primeiro Pemex para reabastecer a moto. Havia logo na entrada do posto, uma camionete vendendo salada de frutas, um costume aliás bem tradicional no país. O povo mexicano é um grande consumidor de frutas, e tanto nos hotéis, como nos restaurantes, eles costumam manter essa tradição bem viva. Em alguns hotéis, eles costumam receber os hóspedes oferecendo-lhes um cesto de frutas que vc encontra tão logo entra no quarto. Enquanto o frentista me atendia eu saboreava aquela salada bem geladinha e refrescante. Após usar o cartão para pagar o combustível, caí na estrada novamente e comecei a acelerar um pouco mais forte. De vez em quando, em lugares desertos e sem nenhuma edificação à vista, surgia inesperadamente à minha frente, um quebra molas que na maioria das vezes, sem tempo para frear, acelerava a moto e ultrapassava aquele obstáculo na base da velocidade. Essa é a vantagem da moto trail, com sua estrutura forte e alta. Enquanto prosseguia em direção à Tampico, o que me chamava atenção era  o fato de não encontrar o povo usando os tradicionais e coloridos sombreros, tão comuns em outros estados, localizados mais para o centro do país. Ao se aproximar de Tampico, vc já sente a pujança da cidade , através da quantidade de veículos, principalmente de carga, que circulam no entorno da cidade. Como uma estratégia própria de viagem, comecei a procurar um hotel fora da cidade e de preferência localizado próximo à rodovia de acesso. Conseguí achar o hotel Monte Carlo, que atendia a todas aquelas exigências de segurança que pautavam minha viagem desde o inicio. O hotel além de confortável, tinha um restaurante próprio e serviço de internete, tudo que eu precisava no momento. Após ser confortávelmente alojado e usar a internete para passar algumas coordenadas, fui para o restaurante saciar minha fome acumulada durante todo o dia. Depois de rodar uma média de oitocentos quilômetros diariamente, parando apenas para abastecer a moto, quando vc chega num hotel, só pensa em comer bem e descansar o suficiente para suportar uma nova jornada no dia seguinte.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Vera Cruz a Poza Rica - mexico

Levantei muito cedo e fui direto para a praia, onde caminhei pelo menos uns cinco quilômetros. Na volta, ainda nadei um pouco na piscina antes de trocar de roupa e ir tomar meu café reforçado de sempre. O tempo continuava a meu favor e o dia estava próprio para viajar de moto. Meu destino naquele dia, seria a simpática Poza Rica. Aliás, todas as cidades daquela região são bonitas, ricas e progressistas. O turismo é muito forte e bem organizado. Como as estradas de litoral normalmente são muito movimentadas, resolví manter uma média de velocidade razoável e curtir o visual que se apresentava na minha frente, além de evitar problema com os postos policiais espalhados pelas rodovias mexicanas. Em momento algum fui molestado pela policia rodoviária ou Federal, todos eles me tratavam com muita cortezia, ofereciam água mineral gelada e faziam votos para que eu aguentasse atravessar o percurso de ída e volta para o Alasca. Alguns nem pediam documentos, após um papo cordial me mandavam seguir viagem. Para garantir minha segurança, continuava parando em postos de grande movimento e preferencialmente da bandeira Pemex. Os postos maiores facilitam tambem o recebimento de cartões de crédito, o que me ajudava no controle das despesas. E assim fui seguindo minha jornada, sempre dando preferência às vias libres. O grande problema das estradas não pedagiadas do Mexico é a quantidade incrivel de quebra molas, principalmente nos pequenos povoados que vc atravessa. Toquei durante todo o dia e só cheguei em Poza Rica no final da tarde. Como sempre faço, procurei hotel o mais próximo possivel da rodovia. Após procurar um pouco, achei o hotel de Alba. Era um hotel simples mas muito simpático e com um preço muito bom. Resolvido o problema da moto, apanhei minha bagagem e fui para o quarto colocar meu correio eletrônico em dia. Durante o jantar, conhecí dois motociclistas de Albuquerque, Novo Mexico, que estavam indo para Cancun. Me deram algumas dicas a respeito de estradas e rotas que me foram muito proveitosas. Me despedí dos americanos e fui me recolher.

Coaltzocoalco a Vera Cruz - mexico

Como sempre, acordei cedo, tomei um café super reforçado, já que não paro para almoçar viajando e continuei minha jornada solitária pelo Mexico, agora em direção a Vera Cruz, uma bela cidade litorânea, localizada nas margens do golfo do mexico e caminho para Matamoros, cidade localizada na fronteira com os Estados Unidos, que eu havia escolhido para entrar no Texas. Procurei como sempre um posto da Pemex, distribuidora de petroleo mexicana, por serem sempre muito movimentados e por isso mesmo, mais seguros. Reabastecido o tanque e meu estoque de água mineral, toquei para Vera Cruz. O tempo estava muito bom e o visual do golfo do mexico é  muito bonito. Como sempre, escolhí a via libre para economizar o pedágio mexicano, o mais caro do continente americano. Para vcs terem uma idéia o custo do pedágio no Mexico é equivalente a quatorze dólares a cada cem quilômetros rodados. A única vantagem é que essas estradas pedagiadas são super policiadas e vc viaja mais relaxado. Em face da luta entre os cartéis de drogas e de tráfico de gente, com o exército e policia, o país vive um verdadeiro estado de guerra. E isso se torna muito visível nas vias públicas, pela quantidade de viaturas militares trafegando em todas as direções. E para falar em pedágio, o Mexico e o Brasil são os únicos paises americanos que cobram pedagios de motocicletas. Os demais, utilizam uma rota de passagem especial para motos, nos extremos das estações de pedágio. Aliás, os pedágios do México me fazem lembrar do pedágio da via lagos, no Rio de Janeiro, onde os motociclistas estradeiros brasileiros e estrangeiros são vergonhosamente assaltados. Minha viagem continuou por todo o dia sem problemas e com um bom rendimento. No final da tarde, sentí que chegava em Vera Cruz pela quantidade de hotéis localizados à beira mar e com acesso direto da rodovia. Como eles costumam anunciar o uso de internete, procurei um que oferecesse esse serviço. Como era baixa estação, as tarifas do hotel Oceânico estavam muito em conta e o dono do hotel havia passado uma longa temporada estudando no Canada e durante algumas conversas que tivemos sobre minha jornada para o Alasca, deu-me várias dicas que me foram muito úteis durante minha passagem por aquele país. Fiquei num quarto avarandado e fui autorizado a estacionar minha moto na porta da minha habitação. Isso, além da segurança, me facilitava o manuseio da bagagem. Tão logo me instalei, coloquei uma bermuda e fui andar alguns quilômetros na areia da praia. Na volta, após uma boa ducha fria, caminhei para o restaurante e comí uma caprichada mariscada à moda do chef. Ao sair dalí, só pensava em repousar. Após o ritual da comunicação diária, via internete, dormí profundamente.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Comitan de Dominguez - Chiapas - México - despedida

Nesta noite de despedida, resolvemos ir num restaurante bem tradicional, tipo botequim, mas que servia uma comida típica em porções, o que me facilitava a provar de tudo, inclusive algumas bem apimentadas que me lembraram os acarajés de Salvador. Foi uma reunião bem animada e não poupamos o assunto motociclismo estradeiro. Trocamos bastante informações, experiências e acima de tudo, planos para o futuro. Recebí solenemente a promessa de uma futura visita do moto clube Comitan ao Rio de Janeiro e fornecí para eles uma série de informações sobre a travessia da América Central, a parte da viagem mais temida pelo grupo. Encerrado o jantar, fui levado para o hotel e para minha surpresa, comunicaram-me que eu teria um comboio com parte dos integrantes que me fariam companhia até à famosa cidade de San Cristoban de las Casas, um dos patrimônios histórico e cultural de Chiapas. Fiquei muito feliz com mais essa homenagem e marcamos nossa partida para as oito horas da manhã seguinte. Quando eles chegaram, já os esperava na porta do hotel com a moto devidamente preparada para voltar às pistas. Era um dia útil e só sete integrantes conseguiram driblar seus compromissos de trabalho e se agregar ao grupo.De Comitan a San Cristoban eram apenas cento e sessenta quilômetros de uma bonita rodovia, com vários postos de policiamento e a maior quantidade de quebra molas que já tinha visto num mesmo trecho. Por isso mesmo, demoramos um pouco para chegar no nosso destino. Lá, tomamos um café tipo colonial à moda Chiapas e fomos rodar um pouco e conhecer o centro da cidade, onde tiramos várias fotos.Em seguida, acompanharam-me até uma auto estrada, pedagiada, que corta todo o Mexico, porém com um pedágio caríssimo.Após efusivas despedidas, toquei nesta estrada até próximo a Tuxla e depois apanhei uma via libre, estrada sem pedágio e toquei até Coatzacoalcos, via Villahermosa, já viajando pelo litoral. Havia deixado Cancun para a volta, pois para chegar no Alasca até meados de julho eu tinha que sentar a borracha. Parei num hotel muito simpático nas margens da panamericana, com garagem fechada e com eficiente circuito fechado de televisão. Era inicio da noite e eu estava realmente fatigado. Subí para o quarto tomei um banho reparador e descí para comer. Após degustar um pescado maravilhoso, fui para meu quarto e apaguei, literalmente.

Comitan de Dominguez - Chiapas - México - 3

Apesar do Estado de Chiapas ser considerado muito violento, Comitan é uma cidade pelo menos aparentemente, tranquila. Para nós brasileiros é muito estranho convivermos com carros blindados do exército ou da policia, mas os mexicanos já se acostumaram com esse estado permanente de guerra travado com os cartéis de drogas reinantes naquele país. Eu andei por toda a cidade e nunca fui molestado por ninguem, muito pelo contrário, sempre fui tratado com muita cortezia e hospitalidade. Hoje, recebí finalmente o documento que esperava do Brasil. Apanhei a moto e viajei de volta para a aduana e pude concluir a minha entrada oficial no México. Após fotografarem o número do chassis da moto e me cobrarem um depósito de quatrocentos dólares através do meu cartão de crédito, com a promessa de que devolveriam na minha saída definitiva do país e me cobrarem uma taxa de entrada no valor de quarenta e oito dólares, carimbaram meu passaporte e liberaram a moto. Voltei exultante para o hotel e comuniquei aos meus amigos que nosso jantar seria minha despedida, pois partiria no dia seguinte muito cedo em direção ao litoral  e a Cancun. Aproveitei para rearrumar toda a bagagem e as roupas devidamente lavadas e deixei a moto pronta para partir no dia seguinte. O final da tarde, aproveitei para fazer algumas ligações na cabina telefônica próxima ao hotel, cujas tarifas são muito baratas. Liguei tambem para Claudio, que já estava em Vancouver e comuniquei minha saída no dia seguinte e ficamos de , com um pouco de sorte, nos encontrarmos na própria estrada. Voltei para o hotel e usei a internete para comunicar aos familiares minha saída no dia seguinte e a rota que deveria fazer dalí para a frente. Após uma ducha caprichada, troquei de roupas e fui para a recepção esperar nossos companheiros mexicanos para nosso jantar de despedida. Aproveitei tambem para me despedir da proprietária do hotel, por toda a atenção que me fora dispensada durante minha estada no Laurelles.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Comitan de Dominguez - Chiapas - México - 2

Após minha caminhada diária e um super café no restaurante do hotel, apanhei uma Van e fui conhecer as famoss lagunas da região. É realmente um lugar lindíssimo e as lagoas de aguas transparentes, lembram muito a represa que margeia a rodovia Dom Pedro, em São Paulo. Passei uma boa parte do dia conhecendo os parques locais com suas matas densas e conservadas. Na parte da tarde, voltei para Comitan e fui conhecer um interessante e movimentado mercado municipal onde vc encontra de tudo e mal consegue andar no meio daquela multidão. Aproveitei para comprar e levar para o hotel algumas frutas da terra. No final da tarde, liguei o computador no meu quarto e aproveitei para responder meus emails e ter noticia da remessa do meu documento tão esperado. Tive a boa noticia de que ele deveria chegar no hotel num prazo máximo de tres dias. Aproveitei então para falar com Claudio pelo telefone e liberá-lo para ir tocando para Vancouver e nos encontraríamos pelo caminho. As férias dele estavam se esgotando e não valia a pena gastá-la, esperando-me no Texas, na casa de sua irmã que mora em Dallas. Mais otimista com as boas novas, troquei a roupa e fui esperar meus anfitriões mexicanos. Por volta das vinte horas, fui apanhado no hotel pelo presidente do moto clube e levado para a séde, onde eu seria homenageado com muito calor e carinho. Encontrei a maioria dos integrantes com suas esposas e filhos, um artista local que tocava músicas típicas através de um solovox que reproduzia sons de acompanhamento e muita alegria e hospitalidade. Tão logo sentei à mesa, o presidente do moto clube assumiu o microfone e além das boas vindas, ofereceu-me uma linda camisa do Comitan Moto Clube, o que retribuí de pronto, entregando-lhe uma camiseta do Projeto tres Américas e agradecendo mais aquela prova de amizade e fraternidade. Dalí para a frente, após uma foto ao lado de todos os motociclistas presentes, tudo se transformou em festa, com muita comida típica, músicas alegres e variadas, muita Tequila e cerveja, e acima de tudo, a hospitalidade mexicana expressa através de abraços e gestos carinhosos desse povo simples, porém históricamente revolucionário e patriota. No final da comovedora homenagem, ainda fui levado para a residência do presidente do moto clube, onde me foi oferecida uma dose de uma Tequila especial, que simbolizou definitivamente o fortalecimento de nossa duradoura amizade. Dalí levaram-me para o hotel, onde deixamos agendado um jantar para o dia seguinte, num restaurante típico e muito famoso, localizado no centro histórico da cidade. Tão logo se foram, apanhei minha chave e fui para meu quarto absolutamente borracho, como falam os mexicanos.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Comitan de Dominguez - Chiapas - México

Meu hotel em Comitan, estava localizado na principal avenida da cidade. No final dessa mesma avenida, há tres quilômetros mais ou menos, fica localizado o maior shopping center da cidade. Todos as manhãs eu saía para caminhar e fazia exatamente esse trecho, ída e volta. Num desses dias, ao passar pela estação de abastecimento da Pemex, encontrei um grupo de motociclistas, todos integrantes do Comitan moto clube. Após as apresentações e falarmos da minha jornada para o Alasca, eles expressaram o desejo de receber-me para um jantar típico mexicano na séde do moto clube. localizada bem próximo do hotel. Nos despedimos e eles ficaram de passar no hotel para acertarem os detalhes do nosso encontro futuro. Continuei então minha já costumeira caminhada de volta. Na parte da tarde, resolví levar a moto para uma troca de óleo e aproveitei para lavá-la num lava jato que haviam me indicado como o melhor da cidade. Essa era a melhor maneira de encher meu tempo enquanto esperava meu documento. No dia seguinte, iria visitar a região dos lagos, próxima de Comitan e uma das atrações turísticas locais. Havia inclusive um serviço rotineiro de Vans, saindo a cada meia hora do centro da cidade, exatamente para atender à demanda de turistas. Apanhei minha moto devidamente lavada e após reabastece-la, levei-a de volta para o estacionamento do hotel. Após uma ducha, troquei de roupa e fui numa cabina telefônica para falar com os familiares e amigos preocupados com minha parada prolongada, inclusive com meu amigo Claudinho Rosembau, que me aguardava no Texas, para seguirmos juntos para Vancouver, no Canadá. Encerrada a sessão de telefonemas, fui comer a melhor mariscada de Comitan, que me havia sido recomendada pelo gerente do hotel. Horas depois, voltei caminhando para ajudar na digestão e ao chegar no Laurelles, encontrei os motociclistas que havia conhecido no posto de gazolina. Estavam todos a minha espera, para combinar o jantar que iam me oferecer , na séde do moto clube, quando reuniriam todos os integrantes e respectivas familias. Tudo acertado para a noite seguinte , eles foram embora e eu fui dormir um pouco mais cedo. 

Guatemala ao Mexico

Saí de Antiqua ainda cedo, aproveitando uma estiada e a promessa no ar de um pouco de sol. A estrada na região é muito cheia de curvas e eu descia todo o tempo em direção à fronteira com o México, onde iniciaria minha jornada sempre solitária pela america do norte. Seria o inicio da terceira etapa de nossa aventura pelas tres américas em direção ao Alasca. Seguí minha minha viagem impressionado com a quantidade de painés de estrada protestando contra a corrupção dos politicos locais, aliás, bem diferente do Brasil, já que nos acostumamos com nossa performance de país campeão da impunidade. No meio da manhã, a chuva voltou e passou a fazer um pouco de frio. Era um domingo e a estrada panamericana estava um pouco vazia, o que facilitava o rítmo da viagem. No meio do dia, cheguei na fronteira com o Mexico e os trâmites foram muito rápidos porque os documentos oficiais da Guatemala, na entrada do país, têm um prazo de noventa dias, ou seja, se vc retorna para a Guatemala num prazo de noventa dias, não precisa de nenhum trâmite na saída e nem posteriormente, na nova entrada. Isto além de facilitar o trânsito dos turistas, diminue muito a burocracia. Atravessei então para o México e começou aí uma série de problemas. Um cidadão da aduana mexicana cismou com os papéis de minha moto e exigiu de mim um documento complementar que eu teria de providenciar no Brasil. Por mais que argumentasse, não convencí ao funcionário mexicano que já demonstrava aquele característico  excesso de autoridade tão comun em autoridades de baixo escalão. Resolví então exigir dele um permisso para sair dalí e aguardar o tal documento num lugar seguro, já que as fronteiras do México, principalmente no Estado de Chiapas, um dos mais violentos do país, são muito perigosas. Ele aceitou meu apelo e forneceu um documento especial através do qual eu poderia circular livremente entre a aduana e a cidade de Comitan de Dominguez, uma progressista e bonita cidade, na qual teria que ficar baseado por uns dez dias, pelo menos. Saí da Aduana e tres quilômetros à frente, fui parado numa barricada do exército, onde tive que explicar todo o problema novamente e mostrar o permisso especial que me fora concedido. Finalmente me liberaram e duas horas depois, entrava finalmente na cidade de Comitan e me hospedava no hotel Laureles, que passaria a ser minha casa no México. Ao solicitar reserva, ainda ganhei um desconto na diária, já bem razoavel, pelo fato de passar mais de uma semana hospedado. Além de outras gentilezas, ainda me conseguiram uma lona especial para cobrir a moto no estacionamento e proteger minha bagagem. Fui para meu quarto, liguei meu lap top e contei para a familia a mudança de meus planos com relação à viagem, além de solicitar para meu irmão Delio, a remessa urgente do papel exigido. Após toda essa novela, só me restava saborear uma deliciosa Tequila.