domingo, 4 de dezembro de 2011

Beaver Creek - Canada a Gulkana - Alasca

Enquanto arrumava minha bagagem no quarto, fui tomado por uma sensação única de euforia. Naquele dia, ao atravessar a divisa do Canada com o Alasca, realizava a primeira etapa de um sonho acalentado durante décadas. Cumpriria a primeira etapa do nosso projeto tres americas que consistia na atravessia do Rio de Janeiro a Enchorage, de moto, solitariamente e sem nenhum tipo de patrocinio oficial ou privado, incluindo-se a AMO, que deveria ser nossa associação e não passa de um clube privado, com uma diretoria biônica, sendo reconduzida há 17 anos, graças a indicação de oito ou dez conselheiros nomeados por ela com o único objetivo de reconduzi-la ao cargo, exercido sem contar com um único voto sequer dos milhares de motociclistas escudados do Rio de Janeiro. Era uma jornada vitoriosa de um velho motociclista estradeiro de 69 anos, que ousava desafiar a mãe natureza tanto pela idade quanto pela conquista daquela região hostíl, inóspita e recheada de perigos. Era o primeiro motociclista veterano brasileiro a fincar nossa bandeira naquela última fronteira do nosso continente. Estava muito bem disposto e feliz comigo mesmo. Após o café reforçado e o reabastecimento da moto, caí na estrada novamente em direção ao Alasca. Passei pela aduana americana onde fui muito bem acolhido e recebí muitos votos de incentivo e sucesso na minha jornada. Dalí, partí em direção a Tok, primeira cidade que cruzaria em território americano. Alguns quilômetros adiante parei no portal de entrada oficial do Estado do Alasca e confraternizei com um grupo de turistas que tirava fotos sob aquele monumento de boas vindas. Um deles, gentilmente, registrou minha foto histórica naqueles confins do mundo onde a pujança da natureza se faz presente na grande diversidade da fauna e da flora tão verdadeiras naquela longinqua região. Após abraçar meus novos amigos, voltei para a 1 e seguí para Tok, localizada na junção da estrada para Fairbanks, onde cheguei no meio do dia. Parei num pequeno motel e aproveitei para completar o tanque e comprar algumas lembranças do artezanato indígena. Após um cafezinho bem quente, voltei para a rodovia e continuei minha jornada agora em direção a Gulkana. O resto da tarde passei viajando e curtindo aquele visual selvagem e maravilhoso que se oferecia aos meus olhos, inclusive aquela conhecida montanha gelada , papel de fundo das propagandas turísticas do Alasca. No final da tarde, após ter atravessado mais um dos desvios de pavimentação, cheguei no hotel de Gulkana, onde passaria a noite antes de alcançar a cidade de Enchorage, final da primeira etapa de nossa já vitoriosa jornada. O motel todo em madeira, apesar de simples, oferecia todo o conforto e um simpático restaurante-bar, onde o pessoal ficava tomando cerveja e jogando sinuca. Comí uma refeição à base de salmon e aproveitei para transmitir as boas novas para meus familiares e amigos. Uma hora depois, já dormia o sono dos justos.

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