sábado, 31 de dezembro de 2011

De Calama - Chile a Pumamarca - Argentina

Exatamente às quatro e quinze da manhã deixava o estacionamento do hotel em Calama e me dirigia para a estrada que me levaria a San Pedro do Atacama. Encontrei nas ruas vários grupos de mineiros que já se preparavam para executar os piquetes que isolariam Calama do resto do país. Aliviado, conseguí chegar no entroncamento de saída definitiva da cidade. Toquei então numa velocidade moderada para poder suportar o intenso frio que sentia com o vento produzindo aquela sensação térmica que só nós conhecemos e experimentamos em nossas aventuras estradeiras. Faltando uns trinta quilômetros para chegar em San Pedro de Atacama, já parava a moto a cada dez quilômetros e colocava as duas maõs nas saídas dos canos de descarga da moto e assim conseguia esquentar-me um pouco e evitar problemas mais sérios. E assim, sempre parando, conseguí alcançar a aduana chilena em San Pedro. Lá, encontrei o Lucas, um motociclista de São Paulo que ia atravessar aquele trecho do Atacama, entre San Pedro e Pumamarca pela primeira vez e decidimos tocar juntos. Para mim era a nona atravessia, porém a primeira sob clima tão rigoroso e raro naquele deserto, principalmente em meados de setembro. Abastecemos as motos e tocamos juntos. Como sua moto tinha menos potência que a minha, deixei-o seguir puxando a maratona e regulando a velocidade a seu bel prazer. No fim da manhã, chegamos em Paso de Jama e entramos oficialmente na Argentina. Aproveitamos para tomar um café quente e comer umas empanadas, antes de tocar em direção a Susques, onde por pouco não ficamos sem combustível. As bombas existentes alí estavam todas sem combustível. Tocamos até a entrada de Humauaca, numa altura de 4.200 mts e dalí começamos a descer para Pumamarca, onde chegamos por volta das quatro horas da tarde. Dalí, meu companheiro paulista resolveu tocar para atender um compromisso pessoal e eu fiquei para dormir no hotel El Refugio de Coquena, onde aliás paro sempre que passo por pumamarca. Dormiria alí e seguiria para Salta na manhã seguinte. Comí uma deliciosa refeiçao à base de carne, tomei uma garrafa de vinho de Salta e depois fui direto para o meu chalé onde desmaiei na cama, literalmente

Arica a Calama

De Arica partí o mais cedo que foi possivel, tão logo conseguí tomar um café muito bom, servido no hotel. Como ia apanhar muito frio pela frente, dei preferência a comidas bem calóricas para suportar melhor o dia na estrada. Toquei direto até Huara onde dei uma parada para reabastecimento. O frio realmente estava muito rigoroso e o pior era a sensação térmica causada pelo vento. Porém o segredo do verdadeiro motociclista estradeiro é exatamente aprender a superar essas dificuldades e as  intempéries da mãe natureza que nos são impostas durante nossas jornadas. Fui tocando pela 5 até a entrada para Iquique, onde fiz um Pit Stop para tomar um café quente e expresso. Após alguns minutos curtindo o aquecimento do restaurante, saí para a estrada e toquei até o entroncamento com a estrada de Tocopilla, uma outra velha conhecida minha. Virei no sentido contrário e seguí para Calama, um antigo oásis do deserto do Atacama, hoje transformada numa cidade muito bonita, com muita água e super arborizada. Chegando na cidade, fui direto para a Hosteria Calama, hotel que sempre me hospedo quando passo por aquela cidade. Trata-se de um prédio alto, com garagem fechada, numa das principais avenidas da cidade e com um preço bem razoável. Subí para meu apartamento e depois de um banho bem quente, descí para comer alguma coisa. No restaurante, fui então avisado de que haveria uma greve de mineiros no dia seguinte e que eles fechariam todas as entradas e saídas da cidade à partir das cinco horas da manhã. Preocupado com tal noticia, pedí ao gerente para acordar-me as 4 horas da manhã para que eu tivesse  tempo de sair da cidade antes do bloqueio prometido pelos grevistas. Em seguida, subí para meu quarto e separei tudo que possuia de lã para enfrentar o frio da madrugada. Deixei tudo pronto e fui para minha convidativa cama aquecida.

Chala - Peru a Arica - Chile

Ao abastecer em Chala, decidí que tocaria direto até Arica, no litoral Chileno. Seria uma boa tirada e adiantaria muito a minha volta. Viajei pela manhã até Camaná, localizada na beira do mar, razão pela qual sofrí o pão que o diabo amassou com o excesso de vento. Tive que reabastecer a moto que estava consumindo uma barbaridade de combustível. Após Camaná, desviei em direção ao deserto e a cidade de Arequipa, onde apanharia uma outra estrada em direção a Monqueguá, minha velha conhecida anfitriã no Peru. Deveria chegar por lá no meio da tarde e seguiria diretamente para Tacna, onde atravessaria a divisa do Peru com o Chile. O vento melhorara e já conseguia controlar melhor a moto na estrada. No inicio da tarde passei pela ponte de entrada de Monqueguá e aproveitei para parar e reabastecer a moto antes de seguir para Tacna, na fronteira. Tive que entrar na cidade e procurar um posto que aceitasse cartão de crédito. Abastecida a moto, voltei para a entrada e peguei a estrada panamericana em direção ao Chile. Após passar pela entrada de Ilo, cidade litorânea que conhecera na ída, cheguei finalmente em Tacna com seu trânsito frenético e seus moto táxis cabinados fazendo o maior zuê nas ruas e avenidas. A cidade é muito bonita e tem uma boa rede hoteleira e excelentes restaurantes e Pizzarias. Apesar disso, resolví passar adiante e seguir em direção a fronteira sempre muito movimentada. Tratei dos trâmites e rapidamente passei para o território Chileno. Apesar da aduana do Chile ser mais austera, não tive a menor dificuldade de atravessá-la e começar a rodar em direção a Arica, cidade muito rica e localizada no litoral. Fui para o hotel Villas e fiquei hospedado num chalé muito simpático e tranquilo. À noite, jantei no próprio hotel e depois fui para a internete conversar com meus familiares a respeito da minha proximidade cada vez maior. Naquelas alturas, já começava a comemorar o êxito daquela  jornada tão desacreditada por alguns no Brasil. Depois de contar as boas novas e falar com minha casa pelo telefone, resolví dormir para enfrentar um longo trecho do Atacama no dia seguinte. E o pior, a noticia é que eu pegaria um trecho daquele deserto conhecido pela aridez e calor acima de cinquenta graus, absolutamente nevado e com frio abaixo de zero. Foi pensando nisso que adormecí profundamente.

Lima a Chala - Peru

Deixei Lima ao amanhecer e toquei em direção a Ica, onde pretendia tomar café e reabastecer a moto. O trecho que acabara de iniciar seria muito dificil por causa do vento violento que vem do Pacifico. Vc viaja sempre margeando o oceano e sempre subindo e descendo. Em alguns trechos à beira mar, fica dificil controlar a moto e o equilibrio. Existe algumas curvas que uma carreta espera que a outra complete a manobra. Vc tem que redobrar a atenção, principalmente de Nazca a Chala. No final da manhã cheguei em Ica e aproveitei para tomar um café reforçado enquanto reabastecia a moto. De lá, me distanciei um pouco do mar e adentrei novamente no deserto até Palpa e Nazca, com suas famosas montanhas desenhadas. Parei num posto para comprar água e como o vento estava violento, reabastecí novamente a moto para não ter maiores surpresas. Enquanto esperava, apareceu um jovem oferecendo-me um passeio de avião para fotografar as montanhas e seus escritos. Ainda pensei em aceitar mas o preço do passeio e aquele vento me fizeram desistir e tocar para a frente. Em San Juan de Marcona, voltei para a beira do mar e comecei a sentir os efeitos maléficos daquele vento constante e cada vez mais forte que em muitas oportunidades, levou-me de um lado a outro da estrada. A sorte é que o trânsito é pequeno naquelas paragens. Continuei subindo e descendo aquelas elevações e finalmente no final da tarde e debaixo de um frio muito rigoroso comecei a divisar Chala, que fica bem no alto de uma elevação. É uma cidade portuária e pesqueira, com um visual muito bonito. O hotel dos Turistas é do mesmo dono do maior posto de gazolina da cidade, o que facilita muito o abastecimento da moto antes da partida. Conseguí um quarto virado para o estacionamento onde parei a moto e do lado oposto, olhava para o Pacifico através de uma varanda privativa. Esse tratamento era fruto de repetidas paradas no hotel. Jantei numa mesa com vista para a Baía coalhada de pesqueiros e comí um peixe sensacional. Terminada a lauta refeição e por falta total de sinal de internete, recolhí-me para uma ducha bem quente e depois de assistir um noticiario na televisão, apaguei literalmente.

Trujillo a Lima - Peru

Deixei Trujillo no inicio da manhã e o meu destino naquele dia meio chuvoso seria Lima, a bela capital Peruana. Aproveitaria para visitar o pessoal do Peru moto clube e o nosso amigo Jorge Lyra, motociclista estradeiro veterano e grande anfitrião. A grande vantagem de ser motociclista estradeiro, é conhecer bons companheiros e amantes do motociclismo por esse mundo afora, além de representar nosso Brasil no exterior, apesar da total falta de apoio para esse tipo de esporte. No meio da manhã, já passava por Chimbote, cidade em que dormira na minha ída para o Alasca. Dessa vez, parei apenas para colocar gazolina e seguí em frente. Esperava chegar em Lima antes do anoitecer. Fui tocando até Casma, Barranca e no meio da tarde, parei em Huacho. Após reabastecer a moto voltei para  a estrada e tive uma grande decepção com a policia rodoviária local, que formou uma verdadeira quadrilha para assaltar os turistas que por alí trafegam. A mim, respeitaram, porque mostrei um rastreador instalado no baú da moto e falei que estava sendo monitorado por emissoras de televisão do Brasil que  participavam do nosso projeto tres americas. A cada patota que encontrava, confirmavam se eu era o motociclista do projeto do Alasca e me liberavam. Uma verdadeira vergonha. Já longe da bandidagem, alcancei Callao e logo depois comecei a rodar na panamericana transformada em grandes avenidas. Lima, além de muito bonita, é uma cidade imponente e grandiosa. Possui um tráfego muito intenso e complicado. Por isso mesmo, procurei um hotel na própria panamericana. Achei o hotel Ritz, situado na Via evitamiento que é uma avenida paralela à principal. Tinha estacionamento fechado, quartos bem confortáveis e um ótimo preço. Acomodei-me e depois liguei para o Jorge que me apanhou no seu carro e levou-me para comer num shopping, no centro. Após um ótimo papo sobre motociclismo estradeiro, deixou-me de volta no hotel. Aproveitei então para iniciar minha tradicional sessão de internete e falar com meus amigos sobre os últimos acontecimentos. Infelizmente, meu amigo presidente do moto clube local havia viajado para o interior do país. No dia seguinte, partiria para Chala, cidade situada às margens do pacifico e que já parara várias vezes nas minhas andanças pelo Peru. Muito cansado, tomei uma ducha e caí num sono tranquilo e reparador.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Tumbes a Trujillo - Peru

Após um café colonial especial, deixei a pousada em Mancora e me mandei para a estrada. O dia já estava muito quente e ventoso. O grande problema de viajar pelo Peru é esse. Vc luta contra o calor do deserto e do vento do pacifico. Esperava dar uma esticada até Trujillo, cortando o deserto de Sechura, enfrentando sua acentuada e marcante aridez. Pela segunda vez estava enfrentando esse temido deserto peruano. Para mim o maior adversário nessa peleja era o vento quase insuportável. Fui tocando como podia e no meio do dia conseguí alcançar a cidade Chiclayo, onde dormira na ída para o Alasca. Dirigí a moto para um posto de gazolina e aproveitei para completar o tanque e dobrar meu estoque de água mineral. Nunca ande num deserto sem uma boa quantidade de água, pois essa falha numa demora de socorro poderá ser fatal, principalmente se vc estiver sozinho. Com a moto reabastecida continuei tocando para Trujillo. No meio da tarde, passei pelo cruzamento de Cajamarca e aproveitei para colocar combustível novamente. O vento forte faz com que o consumo aumente e eu não queria ter uma surpresa desagradável no meio do deserto. Durante a tarde quase não cruzei com ninguem. A estrada estava mais deserta que o normal por causa do final de semana. Um pouco depois das 17 horas, divisei de cima de uma elevação a cidade de Trujillo. Como era cedo, aproveitei para visitar a cidade murada de Chan Chan e procurar para minha mulher um famoso boneco da sorte, chamado Equeco, fabricado pelos indígenas. É um lugar muito místico e diferente. Após visitar a cidade murada em pleno deserto, no meio do nada, voltei para Trujillo e fui procurar um hotel. Tão logo entrei na cidade achei o Los Conquistadores e me dirigí para lá. Era um hotel simples mas bem confortável. Como sempre, guardei a moto, tomei uma ducha bem fria e fui caminhando para o centro, atrás de um lugar para jantar. Comí um peixe delicioso com uma cerveja bem gelada e depois voltei para o hotel. Ao chegar, arrumei as lembranças que comprara na cidade murada e depois abrí minha sessão da internete para conversar com meus amigos de Lima e avisá-los de minha chegada próxima. Depois coloquei meus emails em ordem e fui repousar daquele dia duro no deserto.

Quevedo - Equador a Tumbes - Peru

Como havia programado no dia anterior, saí de Quevedo ainda de madrugada e toquei pela panamericana em direção à divisa do Peru, mais precisamente à cidade de Tumbes. Quando cheguei em Babahoyo, parei num posto e enquanto colocava gazolina, aproveitei para tomar um café reforçado já que não havia comido nada no hotel. Em seguida, toquei um pouco quente em direção a Guayaquil, uma das mais importantes cidades do Equador. Infelizmente passei por uma estrada de contorno e não pude curtír o visual da cidade. O que me consolava é que já havia conhecido Guayaquil e Cuenca, numa viagem anterior ao Equador. Andei durante toda a manhã e no meio da tarde conseguí alcançar Machala. Estava com uma média de viagem muito boa e em alguns pontos de reta e pouco movimento, havia voado baixo. A moto estava solta e muito bem regulada depois da troca de óleo e revisão de Quevedo. Parei para reabastecer e aproveitei para tomar uma água de côco em saco plástico como eles costumam vender para quem passa de carro. Se vc quer a carne do côco, eles sacam os pedaços do próprio fruto e colocam tambem no plástico junto com a água. Após tomar aquela água bem geladinha, voltei para a estrada e continuei tocando entre plantações de banana até à divisa do Peru. Nas duas aduanas não tive maiores problemas além da burocracia sulamericana. Carimbado o passaporte tanto na saída com na entrada, entrei no Peru e toquei direto para Tumbes. Como era cedo, resolví andar um pouco mais e dormir num balneário da região chamado Mancora, onde achei um hotel chamado Mediterrâneo, localizado nas margens do pacífico. Como ainda estava claro, caminhei alguns Km de areia e na volta para meu chalé, encontrei um imenso leão marinho que vagueava pela praia se arrastando com grande dificuldade. Após algumas fotos daquele monstro marinho, voltei para o hotel e fui jantar. Como a internete estava com problema, decidí conversar um pouco com os donos do hotel que festejaram muito o êxito de minha aventura solitária. Após um papo bem agradável, fui dormir.

Tulcan a Quevedo - Equador

Saí de Tulcan bem cedo com a intenção de chegar rápido em Quevedo, onde faria a revisão de minha moto. Por coincidência, na ída, havia feito a revisão nesta cidade, cujo povo gosta muito do Brasil e do Rio de Janeiro. Pelo meio da manhã passei por Ibarra e resolví parar para colocar gazolina. Abastecí a moto e toquei novamente pela panamericana em direção a Quito, onde cheguei no meio do dia. Dei uma volta pela cidade e pude curtir um pouco a beleza diferenciada daquela capital equatoriana. Depois de cruzar a avenida Amazonas, fui sair novamente na rodovia que me levaria a Quevedo. A chuva tinha dado um descanso e agora dava para viajar um pouco mais quente. De vez em quando, cruzava uma grande plantação de bananas, que o país exporta para todo o mundo.É uma qualidade de banana diferente, bem grande, duas vezes maior que a nossa banana da terra. Passei por Machachi e logo depois virei a direita pegando a direção de Portoviejo. Após algumas horas de viagem tranquila, cheguei finalmente a Quevedo. Fui direto para a casa do mecânico que havia me atendido na ída e já combinei com ele a troca de óleo e filtro da moto. Em duas horas a moto estava pronta e fui então para o mesmo hotel que havia me hospedado na passagem para o Alasca. Fui recebido pelo próprio dono, que deu-me as boas vindas, pessoalmente, junto com os dois filhos que trabalham com ele no hotel e no plantio de bananas. Ainda aproveitei a réstia de sol do final da tarde e dei um mergulho na piscina para refrescar-me um pouco. Jantei no próprio hotel e curtí um prato especial de frutos do mar, acompanhado de um vinho da Argentina. Depois, subí para meu quarto e iniciei minha sessão de internete com meus amigos e estrangeiros que passaram a acompanhar, diariamente, minha jornada de volta. Horas depois, resolví dormir e acordar cedo para tocar direto para a cidade de Tumbes, no Peru. Esperava começar a cruzar o território desértico peruano e mais uma vez desafiar o majestoso, árido e assustador deserto do Sechura, com seu vento de noventa quilômetros por hora, soprando sem trégua, lá dos confins do oceano pacifico. O incrível é que no Peru vc viaja quase sempre em regiões desérticas, às margens do Pacifico.

Armenia - Colombia a Tulcan - Equador

Partí de Armenia cedo e com planos de chegar em Ipiales, na fronteira com o Equador, ainda no final da tarde. Vc deve evitar sempre viajar a noite na Colombia e principalmente evitar passagens noturnas em Aduanas. Com todo o próximo trecho programado, apanhei a Panamericana e toquei em direção a bela e famosa Cali, minha primeira parada para reabastecimento. Nessa região, que liga Cali a Medelin, dois grandes centros de produção e comercialização de drogas, na Colombia, vc cruza com várias barricadas do exército, onde vc é obrigado a parar e se indentificar. Em todas essas oportunidades fui muito bem tratado e não tive nenhum tipo de problema. Pelo contrário, me sentí um pouco mais seguro do que quando rodava pela America Central. Quase no meio do dia, comecei a cruzar Cali, onde a estrada se transforma numa bela avenida de várias pistas com a cidade se estendendo para os dois lados. Aproveitei para reabastecer a moto num posto grande e movimentado para evitar problemas com cartão de crédito. Com tanque cheio e estoque de água renovado, caí novamente na rodovia, agora em direção a Popayán. A chuva virara chuvisco e a viagem ficou um pouco mais confortável. Algumas horas mais tarde, parei num posto de controle policial e o sargento chefe do batalhão solicitou uma foto em minha companhia. Após a foto, conversamos um pouco e fui aconselhado a não pedir informações a pessoas que não trabalhassem na segurança do País. Continuei tocando e no inicio da tarde passei por Popayán e enfrentei um tráfego bem complicado até alcançar a Panamericana, novamente. Continuei na direção da fronteira e no meio da tarde atravessei a cidade de Pasto. Estava próximo de Ipiales, na divisa com o Equador e se tudo corresse bem, seguiria para dormir em Tulcán, já em território equatoriano. Como imaginava, alcancei a divisa por volta das 17 horas e procurei correr com os trâmites legais de um lado e de outro da aduana. Antes das 18 horas, estava liberado e já viajando nos poucos quilômetros que me separavam de Tulcán. Ao chegar na cidade, fui direto para o hotel Palacio Imperial, um pagode chinês muito luxuoso, com estacionamento seguro, diária bem razoável e uma comida chinesa excelente. Era tudo que eu precisava naquela noite. Comí muito bem, falei no telefone para casa e entrei na internete com os amigos leais que me acompanhavam no dia a dia de minha solitária e já quase vitoriosa jornada. Depois, só me restava uma ducha privilegiada e um merecido e profundo repouso.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Bogotá a Armenia

Acordamos cedo, tomamos café e tocamos para o depósito da Girag, no aeroporto. Para nossa alegria as motos tinham chegado e estavam à nossa disposição. Quando fomos apanhá-las, a minha estava com a bateria descarregada e tivemos que mobilizar o pessoal dos tratores de transportar carga para providenciar uma chupeta e me tirar dalí, o que foi feito com a maior boa vontade. Com o motor funcionando, o próximo obstáculo foi descer uma rampa de madeira improvisada num batente de 1,50 mts, de altura. Finalmente, superados esses entraves, pudemos finalmente nos dirigir para a saída de Bogotá e apanhar a Panamericana. Paramos num viaduto que dividia exatamente o norte do sul, num posto de gazolina e alí, enquanto o frentista abastecia as motos, nos despedimos. Gaspar seguiu para a Venezuela e eu fui em direção ao Equador. Chovia bastante e fazia um pouco de frio na estrada. Tínhamos feito um lanche no setor de bagagens e pretendia tocar direto até a cidade de Armenia. Esperava viajar até o final da tarde ou inicio da noite mesmo que a chuva não aliviasse. No meio da tarde, cheguei em Ibagué onde parei para reabastecer a moto e lavar o visor do meu capacete que era pura lama jogada pelos veículos que trafegavam na minha frente. Enchí o tanque e discutí pela décima vez com frentistas colombianos sobre cartão de crédito. Como eles não gostam de receber com cartão de estrangeiros, inventam que a máquina não está aceitando a transação e eu respondo que não tenho efectivo, só cheque, e eles aí arranjam jeito de fazer a máquina passar o cartão de crédito. Tudo resolvido, toquei em frente na esperança de chegar no meu destino antes do anoitecer. Continuei tocando debaixo de chuva e quando começou a escurecer, divisei as luzes de Armenia. Estava aliviado, pois viajar à noite nas estradas da Colombia é uma coisa muito temerária. Entrei na cidade e parei no hotel El Refugio, muito simples, mas localizado nas margens da Panamericana, que cortava a cidade ao meio. Coloquei a moto em baixo de uma meia água na frente do meu quarto, saquei a bagagem necessária e fui tomar um banho, inicialmente de roupa para escorrer a sujeira acumulada e depois o banho tradicional. Comí uma refeição simples no próprio hotel e como não havia sinal para a internete, fui direto para cama. Naquela noite, além de tenso estava meio esgotado e pretendia sair cedo no dia seguinte.

Cidade do Panama 04 - a Bogotá Colombia

Acordamos de madrugada e saímos para o aeroporto e aproveitamos para passar bem próximo do prédio em forma de vela e registrá-lo de mais perto e traze-lo como lembrança de nossa visita, já que ele é um símbolo dessa bela cidade e capital panamenha. Dalí, com a cidade começando a acordar, fomos direto para o aeroporto. Lá chegando e após as despedidas, fomos para o checkin, por sinal totalmente desorganizado e tumultuado. Para variar, após um bom atrazo no nosso voo, conseguimos finalmente embarcar e seguir para Bogotá, na Colombia. Não entendo porque os aeroportos da America do Sul são tão desorganizados. Felizmente pegamos um ceu de brigadeiro e fizemos uma viagem super tranquila de pouco mais de uma hora. Nosso problema começou na Aduana Colombiana, onde perdemos uma série de objetos tipo cortador de unha, isqueiro, canivete, etc... Dalí, saímos direto para o galpao da Girag para apanhar as motos. O local é próximo do aeroporto mais absolutamente confuso o acesso. Depois de muito procurar, finalmente achamos o depósito e tivemos a péssima noticia de que nossas motos só chegariam no dia seguinte pela manhã. Muito decepcionados, fomos para o hotel Four Point, num bairro próximo do aeroporto chamado Fontibon. Após nos alojarmos, fomos dar uma volta pela redondeza e depois de fazer câmbio, falar no telefone para o Brasil, fomos para um restaurante muito simpático e aproveitamos para almoçar. À noite, após o jantar, pensamos em tomar um drink num bar ao lado do hotel, mas desistimos em face da barra ser um pouco pesada. Resolvemos então que o melhor seria ir descansar e rezar para que essas motos chegassem mesmo no dia seguinte e pudéssemos retomar nossa viagem.

Cidade do Panama 03

Acordamos um pouco tarde, tomamos um café especial à moda venezuelana preparado gentilmente pelos nossos anfitriões e depois fomos com a Missleydy, proprietária da pousada, até o depósito da Girag, empresa especializada que faz o transporte de cargas entre o Panamá e a Colombia, mais precisamente para os aeroportos de Bogotá e Medelin. No nosso caso, resolvemos embarcar as motos para Bogotá, pagando uns 1.300 dólares entre a passagem da moto e a nossa própria, em avião de carreira. Após algumas horas gastas com burocracia e trâmites legais, esvaziamos os tanques das motos e transferimos toda a gazolina para o carro da nossa anfitriã, até para compensar o combustível gasto por ela para chegar no depósito, há 45 km do centro. A promessa da companhia Girag, era as motos chegarem no mesmo dia da nossa chegada em Bogotá. De lá, Gaspar seguiria para o Brasil via Venezuela e descendo a amazônia e depois o nordeste, em direção a São Paulo, enquanto eu viajaria pela America do Sul, passando por Salta, na Argentina e visitando meu filho Marcio, que mora naquela cidade. Tudo acertado, embarcamos no carro e voltamos para a pousada e aproveitamos para reservar as passagens para nossa travessia do Mar do Caribe, dessa vez, pelo ar. Conseguimos um voo para bem cedo no dia seguinte. Teríamos que sair da pousada bem de madrugada e seríamos transportados por um carro dos nossos anfitriões, que nos cobraram trinta dólares pelo trajeto. O final do dia, utilizamos para caminhar pela região e para comer alguma coisa. Depois voltamos para a pousada e nos dedicamos à arrumação de parte da bagagem sacada das motos. Encerrada essa função, usamos um pouco da internete e depois fomos dormir para enfrentar a madrugada do dia seguinte.

Cidade do Panama 02

No segundo dia no Panamá, resolvemos aceitar o convite da dona da Pousada e saímos para conhecer a cidade que por sinal é muito bonita. Rodamos pelo centro, pela orla e terminamos o tour no canal, onde aproveitamos para almoçar no restaurante da estação e fomos inclusive recebidos pelo Maitre. O movimento de navios atravessando pela eclusa é muito grande e causa espanto assistir a passagem de alguns super cargueiros por aquele estreito canal, puxados por máquinas laterais que andam sobre trilhos e conseguem manter as embarcações bem no centro do canal. Na parte da tarde, aproveitamos para cuidar das motos e depois saímos caminhando pelas imediações tirando algumas fotos interessantes, inclusive do corpo de bombeiros do Panamá que guarda um verdadeiro museu de carros bem antigos, ainda utilizando rodas de madeira. Visitamos e fotografamos tambem o edificio em formato de vela, verdadeiro monumento à arquitetura moderna e premiadíssimo no mundo inteiro. No final da tarde, fomos para um Macdonald e fizemos uma refeição bem reforçada à base de sanduiches e saladas verdes. Regressamos caminhando para a pousada e resolvemos ligar o Skype para falar com parentes e amigos, inclusive com o Policarpo, que resolveu ficar alguns dias na casa da mãe, no Canadá. Ele esteve tambem no Alasca e ficou impressionado com a quantidade de adesivos do nosso projeto tres americas, nos vidros de postos de gazolina, restaurantes, lanchonetes e recepções de moteis por onde passou. Essa é uma prática que uso viajando. Deixar um verdadeiro rastro por onde passo e ao mesmo tempo divulgando minha jornada. Enquanto organizava alguns documentos pessoais, Gaspar ficou conversando com alguns parentes dele que vivem em Petrolina, Pernambuco, explorando um vinhedo. Encerradas as nossas atividades, nos recolhemos para repousar.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Fronteira do Panamá a Cidade do Panamá

Bastante fatigado da viagem do dia anterior, resolví levantar um pouco mais tarde. Por outro lado, já estava praticamente na fronteira da Costa Rica com Panamá. Tomei um café especial feito pela dona do hotel e toquei para a estrada. Alguns quilômetros após e estava na aduana do Panamá. Alguns dólares extras e já tinha completado os trâmites necessários para a entrada em território panamenho. Daí, era só tocar para a cidade do Panamá, onde deveria chegar lá pelo meio da tarde. Exagerei um pouco na velocidade e caí nas mãos de um guarda rodoviário, tambem motociclista e usando uma moto transalpi. O papo foi longo. Depois de  prsenteá-lo com um acelerador extra, fui liberado e continuei minha viagem em direção à capital panamenha e o final do trecho America Central. A minha ansiedade de chegar era muito grande, tanto pela fadiga, como pela tensão permanente acumulada naquele trecho da jornada. Quem viajar pela America Central, via rodoviária, sentirá essa mesma sensação de proximidade do perigo iminente. Parei num posto no meio da tarde, já próximo do meu destino e aproveitei para encher o tanque. Alí, encontrei uns motociclistas da terra que iam passar o final de semana em San José, na Costa Rica. Ficaram muito impressionados com minha jornada e após me desejarem um feliz regresso ao Rio de Janeiro, que todos conheciam, seguimos nossa viagem. A Pousada Nueva Venecia, de propriedade de uma familia venezuelana, já havia confirmado minha reserva e eu tocaria direto para lá. Esse hotel fica localizado numa rua bem residencial, tranquila e bem central, razão pela qual sempre me hospedo lá. Os donos são jovens, competentes e muito atenciosos. Cheguei no hotel por volta das 17 horas e logo em seguida, recebei um telefonema do Gaspar, de Botucatu, São Paulo, que tambem havia viajado para o Alasca em companhia do Policarpo que dera uma parada no Canadá, para passar uns dias com a mãe que vive naquele país. O Gaspar pensava em atravessar o mar do Caribe de barco e desaconselhado por mim, resolveu viajar de avião para Bogotá, em minha companhia. Foi para a mesma pousada e ficamos juntos enquanto providenciávamos o embarque das duas motos através da Girago, empresa especializada nesse tipo de transporte.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Libéria - Costa Rica ao Panamá

Acordei cedo e tomei um café no próprio hotel. Depois, tirei a moto do meu quarto e montei os bauletos laterais que havia tirado para que ela passasse pelo vão da porta. Abastecí no posto anexado ao hotel e partí em direção à fronteira do Panamá. Esperava naquele mesmo dia atravessar a aduana e entrar em território panamenho, bem mais tranquilo do que o resto daquela região conturbada. Já havia me arriscado demais e não podia abusar da sorte. Continuava chovendo e mesmo assim fui tocando numa velocidade média de 110 km p/hora. Pretendia chegar o mais cedo possivel na aduana e de preferência com dia claro. Por volta do meio dia, parei pela segunda vez para encher o tanque da moto, sempre observado atentamente por um daqueles caras portadores de espingarda 12 mm. Enquanto colocava o combustível, assistí uma cena típica da região. Um cidadão parou uma camionete hilux e desceu do veículo portando uma 45 em plena cintura, sem a menor cerimônia. Ainda conversou um pouco comigo sobre o Brasil e minha viagem, já bem conhecida por aquelas bandas. Em seguida nos despedimos e continuei minha jornada ansioso para alcançar aquela bendita fronteira. A chuva havia virado temporal e o tempo escureceu tanto, que resolví parar um pouco antes da divisa, num hotel recem construído e localizado bem na margem da panamericana. Chamava-se Puerta del Sol e era dirigido por um casal muito simpático que logo conseguiu um quarto com varanda e permitiu que parasse a moto em frente a porta e protegida da chuva. Para mim, foi providencial aquele pit stop, pois me livrei da chuva e deixaria para atravessar a fronteira pela manhã. Prepararam uma comida simples mas bem gostosa e assim pude dormir alimentado. Ainda respondí uns emails e falei com a minha casa através do telefone. O mais importante porém foi achar aquele providencial hotel e ter me livrado daquela tempestade. Fui para minha ducha e depois procurei repousar naquele quarto silencioso e acolhedor.

De Santa Ana - El Salvador à Liberia , Costa Rica

Saí muito cedo do hotel, após um café hiper reforçado já que minha idéia naquele dia chuvoso, era cruzar Honduras e Nicaragua, alcançando a Costa Rica no final da tarde. Reabastecí a moto na saída da cidade e toquei para a aduana de Honduras, a mais tumultuada da America Central. Vc é pressionado todo o tempo por uma gang de desocupados que te pressionam para te ajudar e sugerem que em caso negativo tua moto pode ser mexida de alguma forma. Na ída, já havia tido um desentendimento com esses vigaristas e achava que na volta a coisa seria mais complicada, porem me surpreendí com a distância que esses caras mantiveram de mim. Tratei de meus documentos, cumprimentei alguns motociclistas americanos que tambem faziam seus trâmites e seguí em direção à Nicaragua, onde cheguei no final da manhã. Esse país, apesar de muito pobre tem um visual muito interessante e na sua aduana, o ambiente é bem mais respeitoso com relação aos turistas que chegam por via rodoviária. No inicio da tarde, já rodava pela panamericana em território nicaraguense. As rodovias nesse país são boas e o único problema que enfrentei foram algumas pancadas de chuvas bem violentas, o que não é nenhuma novidade na região. No final da tarde e ainda debaixo de muita água, alcancei a aduana da Costa Rica, país onde a violência é bem visível e vc tem que ter muito cuidado por onde anda e para. O próprio pessoal da terra está sempre te chamando a atenção para os cuidados que vc tem que ter ao circular sozinho como era meu caso. No inicio da noite, cheguei em Libéria, no Estado de Guanacaste. A dona do hotel, pediu-me para colocar a moto dentro do meu próprio quarto, para não correr o risco de perde-la durante à noite, mesmo guardada no estacionamento do hotel Boyeros, onde iria dormir naquela noite. Após acomodar a moto ao lado da minha cama, fui para o restaurante jantar e depois fui para o quarto conversar com os amigos pela internete e contar sobre esse fenômeno de insegurança. Em seguida, entrei no chuveiro com minha roupa que havia viajado e procurei tirar o grosso da lama acumulada na estrada durante todo aquele dia. Encerrada a sessão de lavagem improvisada, voltei para a cama e dormí quase que imediatamente. No dia seguinte, pretendia atravessar a fronteira com o Panama.

Cidade de Guatemala a Santa Ana - El Salvador

Saí da cidade de Guatemala logo após o café. Reabastecí a moto e partí em direção a fronteira com El Salvador. Estava certo de que teria um dia muito movimentado. Após viajar uma boa parte da manhã, cheguei na aduana da Guatemala. Tive uma conversa com a chefe da Imigração e se repetiu o mesmo esquema da entrada. Meu nome estava fora do sistema e o máximo que ela poderia fazer para me ajudar, era deixar seguir meu caminho em direção à El Salvador, como se não tivesse passado pela Guatemala. E assim fiz. Ao chegar na aduana Salvadorenha, expliquei a um funcionário muito atencioso sobre meu problema na Guatemala, mostrando-lhe ao mesmo tempo o documento que provava minha passagem pelo país vizinho. Acho que já estava acostumado com tais episódios, porque balançando a cabeça como um gesto de desaprovação, carimbou minha entrada e completou todos os trâmites de entrada no verso do próprio documento de passagem pela Guatemala. Em seguida, carimbou meu passaporte, concedeu-me uma semana de permanência no país e desejou-me uma boa passagem por território Salvadorenho. Agradecí muito a atenção desse funcionário e voltei para a estrada absolutamente aliviado. Voltava a viajar legalmente e totalmente relaxado. Fui tocando então em direção a San Salvador, que naquele final de semana comemorava um feriado nacional e a cidade estava em festa. Quando atravessava Santa Ana, fui abordado por um motociclista local que se indentificou como dentista e perguntou se eu era o motociclista veterano brasileiro que tentava um recorde de longa distância indo do Rio ao Alasca, ída e volta, solitáriamente. Ele havia visto uma reportagem na televisão local e me reconheceu pelos bauletos pintados. Confirmei e ele convidou-me para um almoço com integrantes do seu moto clube. Encontramos num posto e fomos para um restaurante na praia. Após um dia muito agradável, me levaram para o hotel, onde descansei pelo resto da tarde, antes de sair para jantar na casa do presidente do moto clube local, um médico cirurgião muito famoso e casado com uma médica. Me apanharam de carro à noite, em face de uma violenta tempestade de chuva que caiu de reprente. Foi uma noite de confraternização e de muita troca de experiências. Já bem tarde, despedí-me e fui levado de volta para o hotel. Como já era muito tarde, adiei meus contatos para o dia seguinte. Procurei dormir e repousar ao máximo, porque pretendia atravessar a Nicaragua e Honduras de uma só vez. Após uma ducha bem quente, aproveitei o conforto da cama bem ampla e dormí profundamente.

Comitan de Dominguez - Chiapas - México a Cidade de Guatemala

Após repetidas homenagens na cidade de Comitan de Dominguez e vários contatos com os integrantes do moto clube Comitan, partí finalmente em direção a Guatemala, ponto de entrada da America Central. Na aduana mexicana, recebí de volta os quatrocentos dólares deixado de garantia na minha entrada e seguí para a alfândega guatemalteca, onde tive a surpresa de terem tirado meu nome do sistema e que eu teria que aguardar tres meses para entrar novamente no país. Após áspera discussão com o pessoal da aduana, e sendo portador de um papel que reconhecia minha passagem recente por aquela país, resolví viajar sem visto de entrada e sob minha inteira responsabilidade. Toquei para a cidade de Guatemala e parei num hotel da cadeia Villas de Guatemala, por sinal muito bonito. Tão logo arrumei a bagagem no quarto e me preparava para sair e jantar, fui aconselhado a não andar sozinho à noite. Resolví então comer no próprio hotel. Durante o jantar, conhecí um desportista que praticava ciclismo na Guatemala e era campeão nacional da categoria. Conversamos muito sobre ciclismo e motociclismo e ele ficou muito impressionado com a minha jornada solitária pelo continente americano e principalmente por atravessar sozinho a America Central. Terminado o jantar, seguí para o quarto e iniciei meu ritual de internete e aproveitei para consultar meu irmão Delio, em Brasilia, para ouvir sua opinião a respeito da minha situação irregular na Guatemala. Após ser aconselhado por ele, voltei para a internete e respondí alguns emails pendentes, além de conversar com alguns amigos através do Skype. No íntimo, estava preocupado com o problema de documentação. Não sabia o que iria acontecer na fronteira de El Salvador. Na America Central, tudo é possivel, tudo pode acontecer. Naquela região, a vulnerabilidade do viajante é total e por isso mesmo, a insegurança é sua permanente companheira. Foi pensando em todos esses problemas que me esperavam nas aduanas, no dia seguinte, que procurei dormir para tentar resolve-los sem maiores consequências para o bom andamento de minha jornada. Após rolar muito na cama e pesar bem as conseqências do meu ato de rebeldia, conseguí conciliar o sono e apagar inteiramente.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Coatzacoalcos a Comitan de Dominguez

Despertei em Coaltzacoalcos com todo o gás e louco para cair na estrada. Tomei um café especial, com bastante frutas, ovos, presunto, croissant e bastante café com creme. Enquanto comia, conversava com um pessoal da mesa ao lado que tinha visto as inscrições do projeto tres americas na moto e queria saber se eu tinha ido mesmo ao Alasca. Falei um pouco sobre a nossa jornada e depois fui apanhar a moto no estacionamento fechado. Saí direto para um posto de gazolina ao lado do hotel e já aproveitei para encher o tanque antes de partir. Iria continuar na estrada pedagiada e tocar direto até Comitan. O dia estava propicio para viagem longa, sem vento e sem chuva. E assim fui tocando de pedágio em pedágio, e em cada um deles, encontrava um batalhão de policiais. No meio da manhã passei por La Choapa e continuei em direção a Tuxtla de Gutierrez, capital do Estado de Chiapas, um dos mais violentos do Mexico, que alcancei no meio do dia. Aproveitei para reabastecer a moto e sem entrar na cidade, fui tocando sempre pela via pedagiada, onde de vez em quando apertava a mão e andava por volta dos 130 Km. O curioso é que nas estradas pedagiadas vc não encontra policia, a não ser aquela que fica concentrada nas estações de pedágio. E por isso mesmo, de vez em quando, eu deitava e rolava. No inicio da tarde, passei por Chiapa de Corzo e seguí em frente para San Cristoban de Las Casas, onde terminaria a via pedagiada e eu teria que enfrentar uma estrada cheia de quebra molas durante uns cento e cinquenta quilômetros até Comitan de Dominguez, onde pararia para dormir. Ao atravessar San Cristoban, curtí mais uma vez aquela bela e arquitetônica cidade. Reabastecí a moto e iniciei minha etapa sofrida, pois além dos quebra molas em quantidade excessiva ainda tive que parar em dois postos policiais para mostrar documentos meus e da moto, além de abrir parte da bagagem. Por essa razão, só conseguí chegar em Comitan à noite. Antes de chegar no hotel Laurelles, o mesmo que tinha me acolhido na ída, fui para um restaurante e comí uma mariscada típica da região. Super bem alimentado, toquei então para o hotel, onde fui festivamente recebido. Para os funcionários do hotel, ter chegado ao Alasca foi uma grande conquista de minha parte. Deram-me um quarto bem silencioso e dispensei a internete nesta noite, pois acabara de andar 980 Km e o que queria mesmo, era repouso absoluto.

Matamoros a Coatzacoalcos - Mexico

Ao sair bem cedo de Matamoros, apesar de desaconselhado pelo gerente do hotel, não havia decidido ainda por onde voltaria, se pela Guatemala ou se subiria até Cancun e entraria diretamente por Honduras. Tentaria decidir essa rota até chegar em Coatzacoalcos e de lá, seguiria para um desses rumos. Apanhei a rodovia pedagiada, que apesar de caríssima, 14 dólares de pedágio por cada 120 Km, era muito segura e muito mais curto o trecho que eu faria naquele dia. Logo depois da primeira estação de pedágio, super guarnecida pela policia, resolví parar num posto de gazolina para reabastecer a moto. Aproveitei para tomar um café completo e me abastecer de água mineral. Em seguida, voltei para a estrada e procurei tocar na base dos 120 p/hora. A vantagem da estrada pedagiada é que vc não para em sucessivos postos de fiscalização do exercito e com isso vc ganha tempo. Fui tocando e aproveitando a boa qualidade da estrada e do tempo, que apesar de nublado, se mantinha firme. O incrivel é que já viajara por umas duas horas e não encontrara nenhuma moto ou grupo de motos no caminho. Continuei viajando e de vez em quando avistava o litoral com algumas praias muito bonitas, principalmente enquanto atravessava Vera Cruz. Por volta do meio dia, aproveitei para sair num desvio do pedágio e entrar num pequeno povoado onde reabastecí a moto. No posto, encontrei dois motociclistas de Cardenas, em duas motos esportivas e conversamos um pouco sobre motociclismo e minha viagem. Eles tinham visto na televisão mexicana uma noticia sobre meu projeto tres américas e me parabenizaram pela disposição e por estar fazendo aquela jornada solitariamente e na minha idade. Em seguida, seguimos para lados opostos. No meio da tarde alcancei a cidade de Catemaco e continuei seguindo em frente cada vez acelerando mais, já que a rodovia permitia algum excesso. O asfalto era perfeito e a sinalização muito boa. No final da tarde, já comecei a visualizar placas indicativas de Coaltzacoalcos. Fui me aproximando da grande avenida que corta a cidade e procurei localizar o mesmo hotel que havia me hospedado na ída, o Los Andes. Era um hotel muito bom e tinha estacionamento vigiado vinte e quatro horas por dia, além de um ótimo reataurante na beira de uma piscina. Após o registro, deixei a bagagem no quarto e ainda curtí uma meia hora nadando, antes de ir matar a minha fome. Depois do jantar, telefonei para o pessoal de Comitan de Dominguez, avisando de minha breve passagem por lá. Desistira de Cancun e de Honduras, por cima, após a conversa que havia tido com os estradeiros mexicanos. Comuniquei para os amigos minha posição geográfica daquela noite e falei com Deborah por telefone. Quando terminei a sessão de comunicação, sentí que estava absolutamente estropiado e que precisava urgentemente de uma cama confortável como aquela do meu quarto. Deitei e apaguei.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Laredo - Texas a Matamoros - Mexico

Quando acordei estava decidido a tocar até o Mexico. Iria de Laredo até Matamoros, no Estado de Taumalipas, no Mexico. O tempo estava muito bom e se tudo corresse bem, chegaria na fronteira mexicana antes do anoitecer. Abastecí a moto e voltei para a 83, através da qual viajaria até Mission. Fui tocando firme e duas horas depois já passava por Zapata. Como não precisava de gazolina, seguí em frente e perto do final da manhã cheguei em Rio Grande City, onde aproveitei para reabastecer a moto. Como não queria perder tempo, paguei  a gazolina na própria bomba e continuei em direção a Mission, onde passei pelo inicio da tarde. Agora, já trafegando pela freeway, seguia direto para McAllen, por onde passei uma hora depois e seguí direto para Harlingen, quando resolví que era melhor reabastecer e atravessar a divisa do Mexico sem parar, a não ser na aduana americana para providenciar minha saída. Após o abastecimento rápido, toquei para Brownsville de onde passaria para território mexicano. Cheguei na aduana no meio da tarde e após os trâmites legais, entrei em Matamoros. Como a aduana fica nas cercanias da cidade, peguei uma avenida que me levaria ao centro e procurei o mesmo hotel que me hospedara na ída, o Matamoros Hotel. Essa cidade mexicana é muito bonita e movimentada. Naquele tráfego intenso e ordenado, se misturam carros de vários Estados americanos que estão sempre em trânsito, na fronteira com o Texas. Quando cheguei no hotel fui direto para a garagem coberta e espaçosa e procurei parar o mais próximo da porta que me levaria a recepção. Saquei meu bauleto e fui tratar de me registrar. Em seguida,apanhei o elevador e fui para meu quarto tomar um banho. Como sabia que eles iam desaconselhar-me a sair pelo centro à noite, em face da violência envolvendo tráfego de drogas, já me dirigí para o restaurante do próprio hotel e jantei uma espécie de bife a cavalo, com ovos, arroz e batata frita. Após uma torta de banana e um cafezinho, voltei para o quarto e iniciei o ritual da internete e do papo com os amigos que me acompanhavam diariamente naquela jornada solitária. Para mim, era sempre uma festa esse contato fraterno, próprio do verdadeiro motociclismo estradeiro. Graças ao apoio permanente desses companheiros de estrada é que conseguira andar sempre em frente, sem olhar para trás. Após contatos os mais variados com os amigos e familiares, não resistí ao aconchego daquele quarto e apaguei.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Abilene a Laredo - Texas

Acordei muito cedo e como não tinha café no hotel, apanhei a moto e fui para um posto de gazolina na quadra seguinte. Alí, além de encher o tanque aproveitei para armar um café tecnológico, todo a base de máquinas. Nesse país, vc encontra tudo nas máquinas, sanduiches, café expresso, bolo, suco, salada de frutas, cremes os mais diversos, donuts, enfim, tudo que vc apreciar num café da manhã. Meia hora depois, já estava na 83 novamente. O vento tinha diminuido um pouco, sendo substituido por uma garoa bem fininha. Fui tocando e passei por Tuscola, Winters, Ballinger, na junção com a 67, sempre curtindo o visual incrivel daquele estado. De vez em quando, cruzava com grupos de motociclistas com pouca roupa e muita tatuagem, seguindo na direção de Sturgis. É impressionante o que esse evento reune de motociclistas. Conheço eventos como de Daytona, Key West , mas nada se parece com Sturgis. É uma multidão que se renova no dia a dia, porque a maioria não consegue acomodação e vai embora. Fui tocando minha viagem pela 83 e passei ainda por Eden, Menard e Junction, onde parei novamente para o abstecimento da moto e meu tambem. Em junction , conhecí um pessoal do Dakota Thunder Motorcycle Run de Dakota do Sul e tivemos oportunidade de conversar bastante sobre estrada e minha viagem que interessava a todo mundo. Aliás, essa minha jornada e esse recorde só não interessou à AMORJ, exatamente a entidade que nos representa no Rio de Janeiro sem contabilizar um voto dos milhares de motociclistas locais, inclusive o meu. Depois de me despedir dos novos amigos, continuei em frente pela 83 em direção a Laredo, onde pretendia dormir. Fui tocando e curtindo aquele visual diferente e cortando cidades pequenas porém muito simpáticas como, Leakey ,Uvalde , La Pryor , Crystal City , Carrizo Springs , Catarina e finalmente a nossa conhecida Laredo. Apesar de Laredo ficar localizada na fronteira do Mexico, havia resolvido voltar pela mesma fronteira da ída, ou seja, através de Brownsville, no Texas e Matamoros, em Tamaulipas. Atravessei a parte mais movimentada de Laredo e logo em seguida parei num Motel Super 8 e tratei de proteger moto e bagagem embaixo de uma varanda frontal coberta, localizada na chegada da recepção. Saquei só o bauleto com as roupas que iria precisar e fui para meu quarto. Deixei tudo por lá e saí caminhando para um Dennys localizado próximo do hotel e aproveitei para matar a fome. Como nunca almoço na estrada, encerro minha etapa diária com muita fome. Por um lado é bom que economizo e por outro, não me sinto pesado durante o dia, pilotando. Após forrar muito bem meu estômago, voltei para o hotel e iniciei minha sessão diária de internete e contato com meus amigos e familiares. Em seguida e após uma ducha caprichada, fui direto para o conforto daquela cama ampla e macia.

Garden City - Kansas a Abilene - Texas

Como sempre, saí cedo para a estrada. Tomei um café em companhia de companheiros de Dallas que estavam indo marcar presença no evento de Sturgis. O mais interessante é que eles iam pela primeira vez no Encontro. Ficaram muito impressionados com minha jornada solitária até o Alasca. Conversamos muito sobre motociclismo estradeiro no continente americano e no Brasil. Meia hora depois, sairam em direção a Dakota do Sul e eu em direção ao Texas. Até o meio do dia esperava estar passando por Liberal e atravessando a fronteira texana. Minha idéia era chegar para dormir em Abilene. O tempo estava bom mas o vento ainda castigava muito, principalmente, nas zonas mais descampadas. E haja braço para suportar tal pressão e manter a moto firme na estrada. Mas ainda preferia assim do que viajar o tempo todo debaixo de chuva como tinha ocorrido no Canadá. Bem antes do meio do dia passei por Liberal e entrei em Oklahoma, por onde viajaria até a cidade de Gray, e onde cruzaria a divisa do Texas. Após uma hora de viagem em território de Oklahoma, atravessei a divisa texana através de Gray. Comecei então a apreciar as paisagens daquele Estado, rico em tudo, inclusive petróleo. As estradas são muito boas e movimentadas. Passei por Perryton, Notla e fui parar em Canadian para reabastecer o tanque. Estava na hora de parar e descansar um pouco os braços. Após trocar informações com a bomba e pagar minha gazolina, partí direto para a 83 e continuei cruzando as fazendas que são um mixto de criação de gado hereford e exploração de petróleo através de centenas de gafanhotos mecânicos. Durante a tarde ventosa e quente fui adiantando minha viagem e passei por Wheeler, Shamrock, Wellington, Childress e fui parar novamente em Paducab, onde aproveitei para tomar uma mineral gelada e ligar para Claudio, em Dallas. Fiquei sabendo que ele já havia retornado para o Brasil. Voltei então para a moto e continuei minha jornada vespertina. Cruzei a 82 na áltura de Guthrie e passei ainda por cidades como, Aspermont, Hamlin, Anson, localizada no cruzamento com a 180 e finalmente, no final da tarde, alcancei a famosa e conhecida Abilene protagonista e palco de tantos filmes de faroeste que assistí em minha juventude. Como é uma cidade muito grande, passei por ela e fui parar alguns quilômetros adiante num motel da cadeia Days Inn. Como sempre, estacionei a moto e fui comer alguma coisa, dessa vez, num restaurante mexicano. Tomei uma sopa deliciosa e comí uma carne com batata cozida e salada verde. Bebí um cafezinho puro e voltei caminhando para o hotel. Falei com os familiares e amigos, todos preocupados com minha volta pela America Central e minha passagem pela fronteira mexicana, altura de Matamoros. Acalmei o pessoal, tomei um banho relaxante e me mandei para a cama.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

North Platte - Nebraska a Garden City - Kansas

Acordei bem cedo, fiz uma refeição reforçada junto com o café e toquei de North Platte sempre pela 83. O vento estava um pouco mais suave e a temperatura bem agradável. Eu teria um dia de viagem bem produtivo se o tempo continuasse assim. Algumas horas depois já passava por Maywood, cidade típica do meio oeste americano. Após atravessá-la, continuei seguindo pela 83 e uma hora após, já cruzava a cidade de McCook, localizada próximo à divisa do Estado de Kansas. Toda aquela região é bem rural e o povo dessas cidades pequenas são bem do tipo roceiros, simpáticos e acolhedores. Finalmente cruzei a divisa e passei a trafegar por Kansas, passando logo em seguida por Oberlin. Era uma sucessão de cidades pequenas e agradáveis surgindo em meu caminho. Por volta do meio do dia, parei em Colby para reabastecer a moto e descansar um pouco. Após passar meu cartão na bomba, fui até a drugstore e tomei um sorvete de chocolate e vanilla, maravilhoso. Dalí, voltei para a 83 e toquei no mesmo rítmo, preocupado apenas com o excesso de velocidade. A multa americana é muito cara e não valia a pena arriscar. Próximo ao meio da tarde, passei por Oakley, cruzei a rodovia 40 e continuei acelerando até o permitido em direção a Garden City, onde dormiria naquela noite. Minha politica viajando de moto, é dormir cedo e acordar na alvorada, até porque a jornada rende mais na parte da manhã. No meio da tarde, passei em Scott City e cruzei com novo grupo de motociclistas que acenaram simpáticamente para mim. Com certeza, iriam curtir o evento de Sturgis. Minutos após deixar a cidade, passei por uma fazenda com uma criação de Angus Aberdeene, aquele boi bem macio que oferece para a mesa americana aquele steak insuperável. Continuei apreciando a paisagem e no final da tarde, cheguei em Garden City, localizada na junção com a 50. Como sempre fazia, procurei um hotel nas margens da estrada e encontrei um Motel 6 , já meu velho conhecido. Após cumprir os trâmites de chegada, parei a moto na varanda do quarto e fui direto para o chuveiro. Estava fazendo muito calor, apesar do vento que se acalmara um pouco mais que continuava responsável pela poeirada na estrada. Em seguida, saí em direção ao centro, caminhando como sempre, tentando achar um local para comer. Como nunca comia durante o dia, sentia muita fome à noite. Optei pela carne e entrei numa steakhouse, onde comí um bife  bem grosso com batatas e salada italiana. Quando saí, procurei dar uma volta caminhando pelo centro e depois voltei para minhas atividades na internete. Após comunicar onde estava e para onde ia, liguei o telefone para Deborah e depois me recolhí para um merecido repouso.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Sturgis 6

Acordei um pouco ressacado com a despedida da noite anterior, fui ao Chives e comí alguma coisa antes de pegar a estrada em direção ao Estado do Nebraska. Iria pela freeway até Murdo e lá viraria para a 83 , estrada que havia escolhido para me transportar até Brownsville, no Texas, onde atravessaria a fronteira com o Mexico. Ajustei a bagagem, abastecí a moto e após despedir-me dos meus vizinhos de quarto, voltei para a rodovia. Logo depois, alcancei a saída de Murdo e apanhei a 83 na direção de Valentine, já no Estado do Nebraska. Fui tocando com um pouco mais de atenção, porque viajava agora numa estrada simples de mão e contra mão. Um pouco antes do meio dia, cheguei em Mission e parei para reabastecer. Aproveitei tambem para refazer meu estoque de água mineral e de barras de cereais. Em seguida, toquei em direção a North Platte, onde havia decidido dormir. Não estava querendo forçar muito a barra porque o vento voltara com bastante força, apesar da ausência de chuva. Passei por Valentine no começo da tarde e continuei firme já em território do Nebraska. Lá pelo meio da tarde, ainda enfrentando ventos de pelo menos 70 km por hora, cheguei na cidade de Thedford, onde parei para reabastecer. Tinha um grupo enorme de motociclistas colocando gazolina e confraternizando entre eles, dando a entender que estavam a caminho de Sturgis. Me cumprimentaram de longe e tocaram suas Harleys de volta para a estrada. Paguei minha gazolina através da bomba e fui para estrada com a atenção redobrada por causa do vento.  Uma hora depois, já passava por Stapleton. Apesar de tudo, a viagem estava rendendo e antes da noite deveria chegar a meu destino com tempo de usar a internete e compensar a ausência da noite anterior. No final da tarde, com o vento cada vez mais forte, conseguí entrar em North Platte. Rodei alguns metros e próximo a um cruzamento, divisei o Park Motel e me dirigí para ele. Era dirigido por uma senhora que me recebeu muito bem e a diária bem accessível. Coloquei a moto na frente da porta e fui tomar um banho quente para aliviar as dores nos braços. Em seguida, pedí uma pizza pelo telefone e fui para internete. Quando a comida chegou, já tinha respondido mais da metade dos meus emails. Paguei o serviço de Delivery e voltei para internete, agora saboreando uma deliciosa Margherita. Duas horas depois, desliguei tudo e caí exausto na cama.

Sturgis 5

Enquanto conversava com os nossos companheiros presentes no café, eu pensava naquele último dia que passaria em Sturgis. No dia seguinte sairia em direção a Nebraska e faria um caminho inteiramente diferente. Viajaria nas estradas centrais e não daria mais preferência para as freeways como havia feito na vinda. Iria conhecer uma parte do meio oeste que não tinha tido oportunidade de visitar. O meu retorno seria um pouco mais longo mas acreditava bem interessante. Quando acabei de comer, despedí-me do pessoal e fui até a Gypsie Vimtage Cycle, uma tradicional oficina e loja de Sturgis que trabalha com motos bem antigas. É tão tradicional, que algumas propagandas falam que o Rally de Sturgis começa alí. Estava com um problema sério no meu visor e não achava solução para garanti-lo no lugar quando sob pressão dos ventos. Como estava visitando a loja e conversando com os donos, tambem impressionados com a minha jornada até alí, resolví expor minhas dificuldades em acertar a bolha da minha moto. Imediatamente, pediram que colocasse a moto na oficina, consertaram o defeito e não cobraram absolutamente nada pelo conserto. Muito pelo contrárrio, falaram que ficava o valor por conta da minha jornada solitária, inédita para eles, na minha idade. Agradecí sensibilizado pela atenção e coloquei em minha moto vários adesivos da empresa. Após reiterados agradecimentos, coloquei um adesivo do projeto tres americas na parede da oficina e seguí para o centro de Sturgis que no meio da tarde já estava em ebulição. Eram milhares de motos circulando em todas as direções ou estacionadas no centro das avenidas ou nos meio fios, na sua absoluta maioria, da marca Harley. Aproveitei para comprar mais alguns souvenirs e toquei para o hotel, onde encontrei dois motociclistas mexicanos, de El Paso e tocamos juntos para Deadwood, cidade próxima a Sturgis, para conhecermos o famoso e super badalado Coyote Ugly Saloon, lugar com clima permanente de festa e com mulheres lindíssimas circulando pelo interior do bar. Após curtirmos muita música, generosas doses de Jack Daniels e deliciosos aperitivos, voltamos para Sturgis e fomos direto dormir. Naquela noite, dispensaria minha sessão de internete e desmaiaria, literalmente.

Sturgis 4

Enquanto tomava meu café reforçado, traçava meu programa para aquele dia. Além das voltas pelo comércio, os papos com nossos novos amigos e passeios pelos arredores da cidade, pretendia visitar o famoso museu de motocicletas de Sturgis. Alí, além de uma calçada da fama com vários nomes de motociclistas americanos que prestaram algum serviço ao motociclismo do País, tem tambem alguns modelos de motos bem antigas de marcas famosas. O museu fica localizado no centro da cidade e é muito visitado durante o Evento pelos motociclistas visitantes, nacionais ou estrangeiros. Sturgis, apesar de ser uma cidade pequena, tem muitas atrações para seus convidados, tipo visita a parques nacionais, como o Black Hills, com o monumento de ex-presidentes americanos, o Native American Culture, reserva indígena, o Center State Park, reserva de búfalos, a Motorcycle Expo, a Rally Headquarters e a Main Street Photo Towers, que tira fotos especiais internas ou externas tendo o Evento como fundo, para se levar de lembrança da festa. Portanto, o dia em Sturgis pode ser bastante movimentado. Na saída, encontrei um grupo que apreciava minha moto e principalmente seu velocimetro. Os bauletos com a inscrição " Do Brasil ao Alasca " e projeto tres américas, realmente chamava muita atenção e principalmente minha condição de veterano. Conversei longamente com os companheiros canadenses, americanos e um Italiano que havia viajado de avião até Denver, no Colorado, e dalí alugado uma moto e viajado até Sturgis. Aliás, a maioria dos estrangeiros presentes usavam o mesmo esquema de viagem, vindo de avião até um Estado americano e depois viajando de moto alugada até Sturgis, com excessão de alguns mexicanos que vinham em suas próprias motos. O que eu chamava atenção era exatamente por ter vindo desde minha cidade de origem até alí, pilotando minha própria moto e ainda mais, chegando em Sturgis, via Alasca e com 25.000 milhas rodadas. Despedí-me dos novos companheiros após várias fotos e trocas de adesivos e fui rodar pela cidade. Aproveitei inclusive para cortar o cabelo e fazer a barba num salão localizado bem próximo a toda aquela movimentação. Fiz novas compras, a maioria por encomenda e voltei para o correio onde fiz o respectivo despacho para o Brasil. O atendente, tambem motociclista veterano, ficou meu amigo e procurou me ajudar na arrumação da caixa que iria despachar. Saí do correio e resolví dar um passeio até Rapid City, onde aproveitei para conhecer e jantar no badalado Firehouse, bar e restaurante muito frequentado pelos motociclistas presentes em Sturgis. Bebí uma boa dose do famoso Jack Daniels e depois uma carne macia, gostosa e bem carinha. O steach nos Estados Unidos é muito caro, porém vale a pena experimentar. Saciada minha fome e minha curiosidade, voltei para Sturgis e fui direto para o hotel. Ainda precisava responder meus emails e falar por telefone com meus familiares. Como estava meio estafado, procurei abreviar meu ritual noturno e procurei dormir em seguida.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Sturgis 3

Tirei o segundo dia de Sturgis para lavar minha moto. Fui a um lavador automático perto do meu hotel e utilizando meu cartão de crédito, fui fazendo todas as operações da lavagem geral, incluindo-se cera no final. Vc pode tambem e fazendo só algumas etapas e vai colocando moedas de 25 cents para cada etapa. Depois que minha moto estava limpa, fui tomar um café no centro, já que nosso hotel não fornecia esse tipo de serviço. Na cafeteria, já confraternizei com um grupo de motociclistas que já sabiam de minha presença e da quilometragem assinalada em minha moto. Coversamos bastante a respeito do Rio e do motociclismo de um modo geral, trocando experiências estradeiras. Dalí, fui para o comércio já que tinha que comprar algumas coisas encomendadas pelos amigos e familiares. Aproveitei inclusive, para comprar um porta garrafa para moto muito vendido em Sturgis e que eu estava procurando ha algum tempo. Vc põe o aparelho fixado na alça que segura o bauleto lateral e coloca alí uma garrafa de um litro. A vantagem é não precisar amarrar na teia da bagagem. Comprei todas as encomendas que havia relacionado e fui diretamente para o correio. Coloquei todas as compras numa caixa fornecida pelo próprio correio e despachei para o Brasil. Quando chegasse, faria a entrega e distribuição das encomendas. Saí do correio e fui direto para o Loud American Roadhouse, uma famosa steack house, onde vc come bifes grossos de até 18 onças. Sentei na varanda do restaurante e em pouco tempo, já tirava fotos com companheiros de vários paises alí presentes. Havia sempre uma curiosidade muito grande a respeito de minha estada em Sturgis, vindo na minha própria moto, desde o Brasil e o pior, atravessando sozinho a America Central com 69 anos de idade. Para a maioria dos motociclistas americanos e canadenses, a travessia da America Central de moto é quase um tabú. Para se ter uma idéia, em toda a travessia dessa região, seja na ída como na volta, só encontrei dois jovens americanos da California, pilotando duas BMW 1200. No restaurante, enquanto comíamos, vários companheiros foram tirar fotos ou filmar o velocímetro de minha moto para comprovar as minhas 25.000 milhas rodadas até alí. No final, a boa noticia, o grupo havia pago meu steack de 14 onças e minha Budweiser. Após as despedidas e trocas de adesivos e cartões de visita, me mandei de volta para o hotel. Depois de tomar minha tradicional ducha noturna, respondí meus emails , falei com Deborah por telefone avisando-lhe da remessa pelo correio e fui dormir.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Sturgis 2

Meu segundo dia em Sturgis começou tarde. A fadiga da viagem e a falta de compromisso mais sério relaxou-me e fez com que dormisse um pouco mais do que o de costume. Peguei a moto e saí em direção ao centro. Parei num posto com uma drugstore e fui direto  tomar um café típico americano com tudo sacado de máquinas. O próprio café expresso, o suco de laranja, o sanduiche, o donut e a barra de cereais. Era incrível aquela dependência de tecnologia. Vc só fala com as pessoas na hora de pagar a conta ou se precisar de alguma informação extra. Sentei numa mesa e tomei calmamente meu café e ainda lí a programação do evento, encontrada em todos os lugares públicos. O evento de Sturgis é organizado e patrocinado pelo governo de Dakota do Sul e consta do calendário turístico do Estado. Os motociclistas que frequentam o Encontro, chegam e saem sozinhos ou em bandos, todos os dias. Os hotéis entre os dias 8 e 15 de Agosto já estão reservados para os próximos tres anos, por aqueles que frequentam anualmente o Evento. A loja da Harley mantém os clientes sempre em movimento e todos os dias oferece alguma coisa para distraí-los. Saí do posto e fui para o centro onde eles armam galpões imensos com balcões compridos onde são colocados objetos oficiais do Encontro. Alí vc encontra tudo que precisar sobre a festa, roupas, bottons, patches, adesivos, porta copos e garrafas, além de centenas de outros objetos que são vendidos a preços bem razoaveis, para os visitantes levarem de lembrança. Nas ruas principais vc encontra lojas de roupas, todas simbolizando a festa e todas elas com selo especial de qualidade fornecido pelo governo, que autoriza a venda de todos esses objetos ou produtos. Andei o dia todo, sempre conversando com as pessoas da terra e tirando algumas fotos da cidade. No final da tarde, fui almoçar numa steack house no centro e encontrei um grupo que festejou muito minha viagem e a quantidade de milhas rodadas além do fato de ter atravessado sozinho a America Central. Depois de saborear uma carne maravilhosa e cara, voltei para o motel e entrei na internete para transmitir as boas novas para os familiares e amigos. Após conversar bastante através do Lap Top e apanhar algumas encomendas que enviaria pelo correio, tomei uma merecida ducha quente e fui conversar com meus vizinhos de quarto numa pequena varanda coberta, onde ficaram todos até tarde falando de motociclismo estradeiro e de viagens já realizadas. Já bem tarde, despedí-me dos novos amigos e fui para o quarto em busca de um merecido repouso.

Bismarck a Sturgis - Dakota do Sul

Após meu café continental, bem mais modesto que o nosso café servido nos hoteis brasileiros, levei a moto para a estrada que me conduziria para Sturgis, Dakota do Sul, palco do maior encontro de motos do mundo. Para mim, a chegada em Sturgis era a realização de um sonho acalentado durante cinquenta e cinco anos que tenho de motociclismo. Só que eu tinha ído além das expectativas, pois chegaria naquele evento internacional, o  mais famoso do mundo, na qualidade de primeiro motociclista estradeiro sulamericano a participar daquele Encontro, pilotando sua própria moto desde sua cidade de origem e mais, na condição de participante que mais havia rodado para chegar na grandiosa festa que atraí motociclistas estradeiros do mundo inteiro. Para se ter uma idéia de grandeza, enquanto o motociclista que mais rodou para chegar em Sturgís marcava 5.500 milhas no velocimetro de sua moto, eu marcava exatos 25.500 milhas, na minha. Viajava exultante com a perspectiva de chegar naquela meca do motociclismo e poder distribuir algumas camisetas do nosso projeto tres américas e do nosso BR Moto Clube, do Rio de Janeiro. Enquanto tocava pela 90, repassava pela memória todo o desprezo de que meu projeto foi alvo na fase preparatória, sem ter tido nenhum apoio ou patrocinio do setor público ou privado, e pasmem, nem da AMORJ, Associação que representa o motociclismo do Estado, que não se dignou a sequer enviar uma mensagem de boa viagem e feliz regresso. E note-se, que eu estava gerando o fato mais importante para o motociclismo brasileiro no ano de 2011, qual seja, o estabelecimento de um recorde mundial de motociclismo estradeiro de longa distância, na categoria veterano ( 69 anos ), numa jornada absolutamente solitária, sem nenhum carro de apoio ou qualquer outra medida de segurança normalmente utilizada nessas ocasiões. Até aquele momento só havia contado com ajuda de meus familiares tipo, irmãos, filhos, sobrinhos, netos, amigos leais e Deborah, a ligação permanente que tinha com o Brasil e minha grande incentivadora nesta aventura continental. Em meio a esses pensamentos, fui me aproximando de Rapid City, cidade vizinha de Sturgis e com forte participação na festa. Aliás, todas as cidades em volta de Sturgis, ficam com seus hoteis lotados e participam mesmo que indiretamente desta grande confraternização estradeira. Logo em seguida cheguei em Sturgis e fui direto para o Star Lite Motel, localizado na Junction ave, bem na entrada da cidade. Em frente a ele, o HotelBest western e um grande posto de gazolina, se realizam alguns grandes shows durante o Evento. Fui para meu quarto e saquei toda minha bagagem para uma rearrumação e lavagem geral. Como passaria alguns dias nesta acolhedora cidade, trataria de me reorganizar. Antes de mais nada, tirei uma foto no portal de entrada da cidade, como mais um trofeu conquistado na minha vida de motociclista estradeiro internacional, e depois, fui rodar pela cidade a titulo de reconhecimento.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Estevan Canada a Bismarck - Dakota do Norte

Ao sair de Estevan bem cedo, fí-lo com a sensação de despedida do Canada com toda a sua beleza selvagem do norte do país. Chegava agora na aduana americana, sempre muito bem organizada. Fui encaminhado para o setor de bagagem, mas graças a minha idade e o fato  de vir de tão longe numa viagem absolutamente solitária, o que americano admira muito, fui dispensado de desmontar a minha, seguindo direto para o setor de passaportes onde tambem fui muito bem atendido. Encerrados os trâmites legais, toquei já em território americano em direção a Minot, em Dakota do Norte, Estado muito bonito e cheio de parques nacionais muito visitados por turistas locais e estrangeiros. Talvez por possuirem estradas maravilhosas, o americano viaja muito internamente e impulsiona o turismo local. A minha viagem continuava muito tranquila até pelo clima que havia melhorado bastante. Próximo ao fim da manhã, cruzei a cidade de Minot e aproveitei para reabastecer a moto. Voltava para o mesmo esquema  anterior de independência, onde dependia apenas de máquinas. Coloquei meu cartão de crédito na própria bomba e autorizei encher o tanque. Após a operação realizada em poucos minutos, exigí a emissão do recibo correspondente e dalí toquei novamente para a estrada. Um pouco adiante da minha pausa para abastecimento, encontrei um posto de fiscalização onde tive que parar e mostrar meus documentos carimbados na aduana que acabara de cruzar. Após uma rígida conferência nos meus papéis, fui liberado e continuei minha jornada solitária. Passei pelo lindo lago Sakakawed e continuei curtindo o lindo visual daquele Estado. No meio da tarde, aproveitei uma das muitas saídas daquela freeway e reabastecí a moto. Quando entrei na Drugstore do posto fiquei impressionado com a quantidade souvenir comemorativo do evento de Sturgis. É impressionante como repercute na região esse Encontro de motos. A quantidade de motociclistas que comecei a cruzar nas estradas daí para a frente, tambem me surpreendeu tremendamente. Todos se cumprimentavam e confraternizavam ao encontrarem-se em locais públicos. Nesse ambiente de festa antecipada fui rodando e no final da tarde cheguei em Bismarck, que como toda cidade grande oferece aquele emaranhado de viadutos, pontes e cruzamentos que nos atordoam, principalmente a mim que estava há alguns dias viajando em locais isolados. Resolví então passar adiante e parar num hotel um pouco mais para a frente. Meia hora depois, aproveitei uma daquelas saídas providenciais que oferece hotel, comida, gazolina e tudo o mais que um motociclista precisa. Achei um motel da Days Inn e nele parei para descansar. Estacionei a moto, coloquei as coisas no quarto e saí caminhando em direção a um Mcdonald, onde matei a saudade do Bic Mac, que comí com batata frita e salada verde com o famoso Italian Sauce. De sobremesa, me deliciei com uma torta de maçã. Saí de volta para o motel e como sempre, realizei minha sessão de internete com meus amigos e familiares. Com a perspectiva de chegar em Sturgis, no dia seguinte, fui para a cama repousar.

Saskatoon a Estevan - Canada

Saí de Saskatoon ainda cedo e sob um frio rigoroso. Havia tomado meu café no próprio hotel e pretendia chegar no final do dia na cidade de Estevan, praticamente na fronteira americana e no Estado de Dakota do Norte. Logo no inicio da viagem encontrei um casal de turistas que tirava fotos de um búfalo selvagem que descansava num buraco que eles abrem no acostamento para acomodar suas duas toneladas e quando levantam deixam para trás uma verdadeira cratera. Parei e pedí para que tirassem uma foto minha próximo daquele animal selvagem e caracteristico da fauna canadense. Após a sessão de fotos, despedí-me do atencioso e simpático casal do Estado de Manitoba e seguí minha jornada em direção a Sturgis, onde pararia por vários dias afim de participar do maior evento de motos do mundo e onde eu seria o primeiro motociclista sulamericano a participar desse super Encontro pilotando sua própria moto desde sua cidade de origem. Tal feito aos 69 anos, enriqueceria muito meu curriculum de motociclista estradeiro. Com esses pensamentos positivos viajei a manhã inteira pela 11 e cheguei finalmente em Regina que fica localizada num entroncamento entre as estradas 11, 1 e 39. Parei num posto e reabastecí a moto que já havia entrado no reserva. Aproveitei para tomar um chocolate quente e apanhar umas barras de cereais e de chocolate amargo. Em seguida, voltei para a estrada e apanhei agora a 39 que me levaria diretamente para a divisa americana. No meio da tarde e sob um frio que continuava intenso, alcancei a pequena Weyburn, onde novamente completei o tanque da moto. Encontrei nesse posto um brasileiro do Ceará, que já trabalhava e vivia no Canada há algum tempo e estava adorando a experiência. Conversamos um pouco sobre moto e Brasil e em seguida voltei para a 39. Esperava chegar em Estevan antes do amanhecer e deixaria para atravessar a divisa americana pela manhã. Essas travessias de fronteiras, torna-se uma coisa muito cansativa, pois na maioria das vezes vc tem que sacar toda sua bagagem para ser fiscalizada pelos funcionários aduaneiros. Continuei tocando minha viagem e com havia planejado, no final da tarde estava entrando em Estevan. Parei num motel chamado Stagecoach Inn e tratei de apressar os detalhes de chegada porque o frio estava incomodativo. O motel tinha internete livre e um restaurante-bar em anexo. Antes de mais nada caminhei até lá e comí uma carne bovina muito gostosa, acompanhada de uma salada verde com molho italiano. Encerrada a refeição, voltei para o quarto e curtí uma ducha quente maravilhosa. Em seguida falei por telefone com o Christian Baeta da RJ noticias da Rede TV, passei as noticias da viagem como fazia semanalmente e depois respondí meus emails pendentes. Falei com Deborah por telefone e em seguida fui dormir porque ninguém é de ferro.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Edmonton a Saskatoon - Canada

Acordei em Edmonton sentindo que naquele dia enfrentaria um tempo complicado com chuva, frio e um pouco de vento. Pretendia atravessar a divisa do Estado de Saskatchewan e seguir pelo menos até a cidade de Saskatoon. Agasalhei-me bem e tomei um café completo enquanto tratava de reabastecer a moto. Viajaria pela 16 e tentaria adiantar bastante minha viagem em direção a Sturgis, no Estado de Dakota do Sul. Por volta do meio do dia atravessei a divisa e parei em Lloydminster para colocar combustível na moto. A chuva havia passado mas o frio perdurava e até com mais intensidade. Coloquei mais um agasalho por baixo do casaco e minha luva térmica em contato direto com a mão. Sabia que no final da tarde a temperatura iria cair muito e queria estar preparado. Tinha encontrado um grupo de motociclistas americanos que iam em direção a Banff e falaram-me de como estava frio em Saskatoon. Conversamos um pouco, inclusive sobre o trecho que fariam entre Banff e Jasper, uma das estradas mais bonitas do Canada. É um parque nacional que vale a pena viajar pelo seu interior. Despedí-me do pessoal e caí de volta na 16 e continuei na minha jornada sempre muito solitária. Pelo meio da tarde, alcancei North Battleford, onde aproveitei para complear o tanque da moto. Continuava a parar sempre que possivel para colocar combustível, para evitar qualquer tipo de surpresa naquelas estradas desertas. Aproveitei a parada para apanhar umas barras de cereais, sempre bemvindas naquele clima frio. Voltei para a 16 e continuei firme pela em direção a Saskatoon que fui atingir no final da tarde. Como sempre, procurei um hotel próximo à rodovia para que na manhã seguinte já pegasse direto a rodovia. Parei num super 8 que tinha internete grátis e oferecia um café continental. Após o ritual de chegada, coloquei a moto na porta do quarto e fui tratar de falar com o meu pessoal. Aproveitei para gastar mais alguns minutos de meu cartão telefônico com meus familiares, avisando-os da minha chegada em território americano nos próximos dois dias. Em seguida, saí caminhando e fui procurar um lugar para comer alguma coisa. Achei uma pizzaria muito simpática e matei minha vontade de comer uma boa massa, coisa que não fazia ha muito tempo. Terminei de comer e fui andar um pouco pela rua principal para esticar as pernas e fazer o sangue circular. Aliás, toda vez que viajo de moto aproveito para andar bastante nas paradas. Quando cheguei de volta no meu quarto, liguei a televisão no jornal da CNN e ouví o noticiário da queda do nosso quarto ministro acusado de corrupção. Era incrivel que nem estando a milhares de quilômetros conseguia me livrar dessa praga. Desliguei a TV, tomei uma ducha bem quente e depois apaguei.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Grande Prairie a Edmonton - Canada

Saí do hotel e fui diretamente para a oficina. Havia separado a corrente coroa e pinhão e pretendia resolver aquela pendência e voltar a viajar tranquilo novamente. Cheguei na oficina e desmotei toda a bagagem da moto. Aproveitaria tambem para trocar o óleo e o respectivo filtro. O filtro de ar, eles fariam uma limpeza, pois ainda dava para rodar mais um pouco. Esperei pelo menos umas duas horas para receber a moto de volta e começar a arrumar tudo novamente. Paguei minha conta e me mandei de volta para a 43 que me levaria até Edmonton. A moto parecia que tinha saído da agência. Estava toda justa e com a corrente nova estava andando uma barbaridade. Voltei a tocar bem mais quente e lá pelo meio dia passei por Whitecourt e aproveitei para reabastecer a moto. A temperatura voltou a cair e enquanto abastecia, tratei de apanhar umas luvas térmicas para usar por baixo das de couro. Voltei para a estrada e continuei tocando e me deliciando com a performance da moto. Coisa boa é viajar com uma máquina bem regulada e toda ajustada. Tinha pedido ao mecânico que providenciasse um reaperto na moto. Desde que saíra do Brasil não tinha feito nenhum outro aperto, principalmente no aro da roda. O serviço custava caro mas os caras realmente eram caprichosos na execução. E assim, super aliviado fui tocando na minha velocidade de cruzeiro. Passei por um desvio que me tomou um pouco mais de tempo e enquanto esperava, olhava para uma moça, funcionária da pavimentadora que ficava alí organizando a parada dos veículos sozinha, numa região infestadas de animais selvagens. Era realmente muito corajosa. Tão logo deram-me passagem toquei novamente em direção a Edmonton, onde fui chegar por volta das 18 horas, com o tempo já querendo escurecer. Fui para um motel na margem da estrada chamado Knights Inn e o Indiano que trabalhava na gerência, conseguiu-me um espaço coberto para a moto e bagagem ficarem protegidas da chuva que já começava a aumentar de intensidade. Em frente ao motel havia um restaurante Tailandês e fui até lá para matar a fome que já me incomodava. Depois voltei para o quarto e comecei o ritual de sempre falando com o pessoal no Brasil e fornecendo minha posição para o dia seguinte. Bem alimentado e depois de um banho quente não há como resistir a uma cama aquecida e confortável que me fez capotar literalmente.

Fort St. John a Grande Prairie

Como já havia abastecido a moto na noite anterior, tomei um café bem reforçado e tomei a 97 até a cidade de Dawson Creek. Alí, eu passaria para a 2 e cruzaria a divisa com o Estado de Alberta. Ao chegar em Dawson coloquei um pouco mais de gazolina e novamente lubrifiquei minha corrente. Estava tão preocupado que fui procurar uma oficina para trocar a relação já que eu tinha aquela peça de reserva. Infelizmente não aceitaram o serviço porque eu não havia agendado nada no dia anterior. Só me restava então tocar para a frente e rezar para a corrente não quebrar. Tão logo atravessei a divisa com Alberta, parei num mirador para lubrificar mais uma vez a corrente cujo ruído havia aumentado muito. Encontrei um grupo de Canadenses que estavam indo para o Alasca, mais precisamente para Fairbanks. Conversamos muito sobre motociclismo e como sempre ficaram muito preocupados de estar viajando sozinho. Eles não iriam para Sturgis porque tinham ído no ano anterior. Um deles tinha chaves próprias fácil e aproveitou para me ajudar a tensionar novamente a corrente. Agradecí muito a atenção, trocamos cartões e patch e tocamos cada um em sua própria direção. Eram mais alguns amigos no Canada. Com a corrente um pouco mais justa, voltei para a estrada e toquei um pouco mais forte. Queria chegar cedo em Grande Prairie para poder agendar para o dia seguinte uma visita a oficina e resolver em definitivo esse problema que já começava a me extressar. Um pouco depois das tres horas da tarde, comecei a entrar na cidade por uma avenida enorme de tres pistas para cada lado. Divisei o motel Gateway Motor Inn, exatamente em minha mão e com preços promocionais. Entrei e após colocar a moto em frente ao quarto, voltei para a recepção e pedí ajuda ao gerente para achar uma oficina para mim. Ele foi muito gentil e além de localizar, reservou hora para o dia seguinte pela manhã. Resolvido tudo, voltei para meu quarto, apanhei um casaco e saí caminhando por aquela avenida para esticar um pouco as pernas e relaxar. Encontrei um Burguer King e resolví comer um sanduiche com salada italiana. Depois de repetir o hamburguer e satisfazer a fome, voltei caminhando para o motel. Fui para o quarto e aproveitei para entrar no Skype e falar com meu pessoal. Depois usei meu cartão telefônico e liguei para minha casa dando noticias. Quando terminei de falar com todo o mundo já era noite e resolví me recolher. Tomei um banho daqueles caprichados e depois fui direto para a cama.