sábado, 5 de novembro de 2011

Travessia de Cartagena ao Panamá

Na manhã seguinte o mar ficou um pouco agitado e durante todo o dia choveu bastante. Durante a noite o veleiro jogou uma barbaridade e comecei a recear pela segurança das motos alinhadas e amarradas na proa. Viajávamos a 15 nóz e não podíamos abrir as velas por causa das motos. No meio do dia, já estavam todos enjoados e consumindo tudo que havia disponível para enjoo. Daí para a frente, solicitamos ao capitão que parasse de cozinhar, já que sua comida levava muito óleo e bacon, ingredientes que nos deixavam mais nauseados ainda. Passamos a consumir no barco apenas pão puro, chocolate, biscoito e coca cola super gelada. Como a chuva não parava, ficávamos confinados na cabine o dia todo, alguns dormindo em seus beliches e outros tentando passar o tempo através das maravilhas da tecnologia que seus celulares ofereciam. Finalmente no quarto dia, o tempo melhorou e saímos para o convés para curtir um pouco de sol e jogar dominó. Porém continuávamos consumindo o mínimo de comidas sólidas e bebendo o máximo de refrigerantes, cervejas e água mineral. Tínhamos levado um Isopor com bastante gelo em barras e foi o que nos aliviou naqueles momentos dificeis. Finalmente no incio da tarde, começamos a avistar as terras panamenhas, cheias de matas bem desenhadas, que para mim em particular, era como se anunciar a proximidade do paraiso. Curtimos aquele visual que aos poucos crescia à nossa frente e por volta das vinte e uma horas, penetramos na baía do porto de Colón, desviando dos barcos atracados ao largo e jogamos âncora próximo ao pier que utilizaríamos para desembarcar as motos em relativa segurança. O pior é que esta operação só seria permitida na manhã seguinte e teríamos que passar mais uma noite embarcados. Como a noite estava muito quente, resolví subir para o convés e dormir entre as motos recostado numas bóias de atracação que estavam espalhadas pelo chão. Foi a noite mais longa de toda essa jornada. Ao clarear o dia, começamos a providenciar o transporte das motos através de barqueiros locais. A minha, como foi a primeira subir no embarque, seria a última a desembarcar em Colón. Quando isso aconteceu, já passava das onze horas da manhã. Pagamos nossa passagem e recebemos de volta cinquenta dólares cada um, por não termos consumido a comida do capitão durante aqueles quatro dias de agonia marítima. Após as despedidas de praxe, sentamos nas motos e partimos em direção ao posto aduaneiro para legalizar nossa entrada no Panamá. Naquele momento, era indiscritível a sensação de pilotar minha moto em terra firme.


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