quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Popayán a Palmira

Ao acordar em Popayán, pensei muito na minha próxima etapa da viagem. Inicialmente, pensei em dormir na bonita cidade de Cali, mas ao ouvir a opinião de vários colombianos que tomavam café comigo no hotel, resolví mudar os planos e dormir em Palmira há uns 40 Km adiante de Cali, ainda considerada por muitos uma cidade muito perigosa. Decidido meu destino, atravessei o tumultuado trânsito de Popayán e tomei a Panamericana colombiana, a estrada mais policiada do mundo, com destino a Palmira. Foi uma viagem muito cansativa, pelo intenso tráfego de carretas e outros veículos pesados que se acumulavam nas subidas íngremes e esburacadas da região andina, além dos vários comboios militares que patrulhavam a estrada e executavam transferências de soldados de uma barreira policial para outra, numa verdadeira operação de guerra. E as barreiras do exército além de pararem alguns veículos leves ou pesados, vasculhavam bagagens, fiscalizavam documentos, examinavam mercadorias  transportadas, enfim, uma verdadeira maratona. A mim, incomodavam muito pouco, pelo fato de andar vestido com uma roupa camuflada dos fuzileiros navais americanos, presente de um coronel desta tropa de elite, vizinho de um filho que mora na Flórida. As poucas vezes que me pararam para inspeção, após perguntarem sobre minha condição de militar e eu responder que era jubilado (aposentado), me autorizavam a prosseguir, sem sequer examinarem minha bagagem. Mesmo assim, não conseguia andar mais do que 70 km por hora, em média. Os frentistas que me atendiam nos postos de gazolina, normalmente ficavam espantadíssimos com o fato de estar atravessando a Colombia sozinho e com  minha idade. Muitos me aconselhavam a não usar aquele tipo de roupa na região, pois poderia ser confudido com um militar colombiano e sofrer algum atentado nos trechos mais desertos e com matas mais densas. Apesar de preocupado, concluí que as vantagens oferecidas por usá-las superavam em muito os riscos que corria. Aos poucos fui avançando e finalmente no inicio da noite, comecei a atravessar a bonita e rica cidade de Cali sem me afastar em momento algum da panamericana, que corta a cidade pelo meio. No final desta grande avenida, encontrei finalmente a saída para Palmira. Neste trecho, pude rodar um pouco mais quente e meia hora depois, estava entrando num trevo que me levaria ao centro da cidade. Parei no primeiro hotel que encontrei, o Thama Hotel, que por sorte tinha garagem fechada e o recepcionista era um brasileiro de São Paulo. Sua primeira recomendação foi para que não saísse à noite sozinho, e pela manhã, só partisse após as 8 horas , quando o comércio iniciasse seu movimento diário. Após tão sábias e previdentes recomendações, só me restou a hipótese de pedir uma pizza via delivery, responder meus emails e aproveitar o conforto do meu quarto, um porto mais do que seguro, já que minha porta contava com tres travas de segurança.

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