segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Colorado Springs a Denver

Saí do hotel muito bem recuperado mas logo percebí que teria mais um dia de muito vento durante o trajeto para Denver. Era impressionante a pressão sobre a moto e como ele soprava da esquerda para a direita, quase arrancando um saco com roupas sujas que transportava amarrada no baú central. A minha experiência como estradeiro me recomendava  andar sempre na pista da direita e o mais próximo possivel do acostamento. Fui tocando minha viagem com muito sacrificio já que a cada momento as lufadas de vento pioravam e ensaiavam me tirar da pista. Num determinado momento, soltei a mão esquerda para arrumar um gancho que me machucava nas costas e recebí pelo lado esquerdo uma violenta lufada de vento que  nos empurrou  para o acostamento, levando-nos por consequência a descer o barranco da pista e cair no gramado bem cuidado que margeava a rodovia. A grama amorteceu nossa queda e nos protegeu totalmente evitando arranhar a moto ou me machucar. O problema é que não conseguia levantar a moto sozinho e comecei a sinalizar pedindo ajuda para os veículos que passavam aos milhares. Para minha surpresa, vários  grupos de motociclistas passaram por mi sem sequer olhar para o lado. Naquele momento, concluí que a palavra solidariedade não existia naqueles confins e que eu teria que me virar  
sozinho. Tentei por mais duas vezes levantar a moto e nada. Pelo inicio da tarde, finalmente quando eu já não esperava ajuda, um carro branco parou no acostamento e dele desceu uma senhora de seus 50 anos e um garoto de uns 14, bem gordinho e que vim a saber tratar-se de seu neto. Por mais incrivel que pareça, os dois me ajudaram a levantar a moto e sair daquele buraco. Esperaram que eu ligasse o motor e levasse a moto de volta para o asfalto e quando agradecí perguntando-lhe de onde era, respondeu-me que morava em Denver mas era mexicana de Ciudad Juarez. Estava finalmente esclarecido para mim que naquele país a máxima era a de cada um por sí e Deus por todos e que as palavras amizade, fraternidade e lealdade tão preconizadas no motociclismo, alí, só serviriam para adesivar motos. Com os ensinamentos daquele episódio, redobrei minha atenção na pilotagem e convencí-me de que estava mais solitário do que pensava naquela jornada. No meio da tarde, alcancei Denver e comecei a cruzá-la sempre atento ao GPS e as placas de sinalização expostas à minha frente. É uma cidade bonita, rica e grandiosa. Para atravessá-la, cruzei uma dezena de viadutos que se multiplicavam à minha frente. Uns trinta minutos depois, já trafegava novamente numa 25 mais tranquila e receptiva. Fui tocando e ao chegar próximo à saída para Greeley, aproveitei para procurar um hotel. Dessa vez, escolhí um Days Inn que oferecia Breakfast e internete grátis, além de ter um restaurante bem próximo. Após parar a moto na frente do meu quarto e verificar se havia algum estrago em decorrência do acidente na estrada, fui para o quarto e entrei no banho. Mais tarde, após ter usado a internete, fui caminhando para o restaurante vizinho ao hotel e fiz uma refeição à base de carne, ovos e salada verde. Voltei então para o motel, tentando relaxar de toda aquela adrenalina acumulada durante o dia. Assistí um jornal na televisão e meia hora depois já dormia profundamente.

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