segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Pumamarca a Calama

Tão logo despertei naquela madrugada fria própria da região desértica Argentina, ajustei o bauleto lateral da moto e fui para o restaurante tomar café, servido por uma india Boliviana muito gentil. Seria minha sétima travessia desse deserto mais árido do mundo e que ainda assusta muita gente que resolve enfrentá-lo em sua sempre arriscada aventura . Apesar de muito bem agasalhado, vestindo roupas térmicas enviadas do Alasca pelo meu filho Marcio, que vive da pesca naquele estado americano, sentia ligeiros tremores de frio causado pelo vento de inverno que provoca sempre uma desagradável sensação térmica além de fortes dores nos braços ao pilotar a moto em condições tão adversas. Após as despedidas de praxe, toquei em direção a Susques, sempre subindo em curvas fechadas e sem nenhum acostamento até alcançar o ponto mais alto daquele trecho sempre em elevação, onde existe um comércio informal de pedras artezanais e um marco anunciando uma estrada de ripio para Humauaca, numa altitude 4.170 mts. Dalí para a frente, vc começa a sentir uma penosa falta de ar a cada esforço extra e as motos carburadas não conseguem ultrapassar os trinta Km de velocidade. Desse momento em diante, vc só consegue avistar a aridez do deserto, sua total falta de vegetação e seus grandes salares que de longe se confundem com grandes áreas nevadas. Porém ao parar para as fotografias dos bandos de Lhamas selvagens, únicos seres vivos circulando naquelas paragens, é que vc prova o sal, idêntico ao que usamos em nossos churrascos. Quando cheguei em Susques, cidade encravada nas cordilheiras  e com as casas em adobe, tratei de colocar gazolina na única bomba existente na cidade e em seguida seguí para Paso de Jama, aduana Argentina esquecida no meio do nada, tendo em sua volta, uma grande estação de serviços da YPF, construída recentemente. Dalí, após confraternizar com alguns motociclistas europeus que visitavam o deserto pela primeira vez, toquei já em território Chileno em direção a San Pedro do Atacama, um trecho de 150 Km que vc viaja sem visto de entrada do Chile, numa situação totalmente irregular. Ao chegar na cidade, por sinal um verdadeiro caos no trânsito, com uma única bomba de gazolina escondida num labirinto de vielas de terra e rípio e com os hoteis mais caros da região, procurei carimbar meu passaporte, regularizar os papéis da moto e partir em direção a Calama, um antigo Oasis, que se transformou numa próspera, turística e arborizada cidade, impulsionada economicamente pelas grandes mineradoras estrangeiras. Esse trecho de 100 Km, aproximadamente, vc viaja num asfalto impecável e cercado de grandes acampamentos das mineradoras que atuam na área. Ao chegar em Calama, como ainda era cedo, aproveitei para trocar o óleo da minha moto que já estava no limite. Encerrado o serviço, seguí em direção à Hosteria Calama, onde sempre me hospedo quando passo por esta cidade. À noite, fui convidado par viajar com um grupo de motociclistas chilenos que pretendiam participar de um evento em Iquique, uma belissima cidade situada às margens do pacífico. Eles viajariam via Tocopilla, uma antiga aldeia de pescadores, cujo acesso de Calama, é feito através de uma estrada cheia de desfiladeiros que desce das Cordilheiras até o mar, num visual deslumbrante. Tudo combinado, fui jantar no próprio hotel e logo em seguida fui dormir o sono dos justos.

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